"Acredito que o PP nas eleições de 2022 e, sobretudo, na do ano que vem, quer assumir o protagonismo", declarou
O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Nelson Leal (PP) está completando cinco meses à frente da Casa. Em entrevista ao programa PNotícias, na rádio Piatã FM, o parlamentar fez um balanço desse período, falou de como recebeu a AL-BA do antigo presidente, o agora senador Angelo Coronel, falou sobre eleições e projetos planos para o futuro. Confira abaixo a entrevista conduzida pelos apresentadores Rafael Albuquerque e Gomes Nascimento:
PNotícias: qual balanço o senhor faz desse período à frente da Assembleia Legislativa da Bahia?
Nelson Leal: todo parlamentar tem vontade de presidir sua casa. A gente tem procurado dar uma dinâmica de muito trabalho. Quando colocamos nossa candidatura, queríamos fazer um fortalecimento muito grande das comissões. Temos procurado nesses cinco meses trazer para a assembleia os grandes temas que afligem a Bahia e o Brasil. estamos procurando dar uma nova roupagem. No que tange à questão financeira, recebi a Assembleia com um déficit orçamentário muito grande. Tem que cortar, tem que enxugar.
PNotícias: como é a relação do senhor e do seu partido, o PP, com o governador Rui Costa? A gente acompanhou que na formação do secretariado o PP se mostrou insatisfeito.
Nelson Leal: minha relação com Rui é muito boa. Tenho relação de proximidade, admiro o governador. Apesar de hoje ser presidente da Casa, eu procuro ter dois momentos: o momento de estar na presidência, onde tenho que ser magistrado, e o momento como integrante da base do governo. O partido, que é presidido pelo vice-governador João Leão, tem uma boa proximidade com o governador.
PNotícias: o senhor acha que essa boa relação dura até a próxima eleição?
Nelson Leal: eu acredito que o futuro tem por obrigação ser incerto, mas o partido tem uma relação consolidada. Acredito que tem tudo pra continuar caminhando juntos.
PNotícias: o PP tem vontade de encabeçar uma chapa e o senhor tem um nome forte. Recentemente o senhor sentou na cadeira do governador (quando Rui Costa viajou á China). Qual a sensação?
Nelson Leal: é uma experiência interessante. É complexo administrar um estado com as dimensões da Bahia. As demandas ocorrem a cada segundo. Se na Assembleia tem muitas, na governadoria tem muito mais, os atinge 417 municípios. Foi uma experiência muito prazerosa, deu pra conhecer alguns instrumentos administrativos e que nós vamos incorporar no dia a dia da Assembleia.
PNotícias: mas o partido quer lançar candidato?
Nelson Leal: acredito que o PP nas eleições de 2022 e, sobretudo, na do ano que vem, quer assumir o protagonismo, é um partido que cresceu. É uma tendência normal. Pleitear, querer se colocar como alternativa é sempre importante. Não é nada que a gente não possa dialogar.
PNotícias: mas diante do comportamento do PT em outras eleições, o senhor não acha que vai haver um choque de interesses?
Nelson Leal: eu acho que quando você vai pra uma eleição você tem quer ter o melhor nome. Dentro da coalisão de partido, tem que ver o nome mais forte.
PNotícias: e quais seriam os nomes mais fortes?
Nelson Leal: no ninho governista, tem o governador Rui Costa, o ex-governador Jaques Wagner, o senador Otto Alencar e o vice-governador João Leão.
PNotícias: e o presidente da Assembleia?
Nelson Leal: (risos) Não, pelo amor de Deus. Eu ia falar o nome do senador Angelo Cornoel. Eu estou pavimentando uma longa caminhada pra chegar no nível desses que eu citei.
PNotícias: e na oposição?
Nelson Leal: os nomes mais fortes são do prefeito ACM Neto, o ex-prefeito de Feira, José Ronaldo. São os nomes que fazem parte da política estadual e que estarão em 2022 enfrentando o processo.
PNotícias: então, em 2020 o PP vai lançar candidato a prefeito?
Nelson Leal: na nova legislação não tem mais coligação, e por isso os partidos estão montando estratégia pra ver o melhor caminho pra eleger seus parlamentares. O PP cresceu muito em todos os cantos da Bahia, menos em Salvador. Não temos vereador em Salvador. Temos dez deputados estaduais, quatro federais, um vice-governador. É inadmissível que em um partido desse tamanho não tenhamos um vereador na capital. Em função disso o deputado Cacá Leão se coloca como pré-candidato a prefeito tendo perspectiva de enfrentar o processo eleitoral e eleger uma boa bancada de vereadores.
PNotícias: mudando um pouco de assunto, qual sua opinião sobre a Reforma da Previdência?
Nelson Leal: a reforma é importante. Nos próximos dez anos, nós temos condições de economizar quase 22 bilhões de reais com a reforma. O estado da Bahia aporta anualmente quase R$ 5 bilhões, e esse dinheiro poderia estar sendo investido em saúde, educação, infraestrutura, poderia mudar a cara de nossa economia. No Brasil é maior ainda. Eu sei que tem que ser feita a reforma, mas não pode ser paga pelo pobre. Sou a favor da reforma desde que exclua quatro pontos: mexer com a aposentadoria do trabalhador rural; diminuir o Benefício de Prestação Continuada de um salário mínimo para R$ 400,00; a capitalização, que é bom pra banqueiro, porque cada pessoa terá que fazer uma poupança individual. Implementaram no Chile e hoje 80% ganham menos de um salário mínimo; por fim, a desconstitucionalização. Tirando esses pontos, sou a favor da reforma.
PNotícias: fala um pouco sobre o Parlanordeste, que acontecem em Salvador nesta sexta-feira (7).
Nelson Leal: nós criamos esse colegiado em função de tentar ter mais força ainda para nós, deputados estaduais, e para o Nordeste. Tivemos nessa nova legislatura o primeiro encontro em São Luís. De lá saiu uma pauta que tivemos oportunidade de entregar aos presidentes da Câmara e do Senado, e agora não será diferente. Escolhemos quatro temas que consideramos prioritários: Reforma da Previdência; pacto federativo, pois quase tudo que é arrecadado é direcionado para União; intercâmbio de tecnologia e conhecimento entre TVs e rádios legislativas; e os altos preços das passagens aéreas, os preços abusivos cobrados pelas companhias aéreas. É mais caro viajar para qualquer parte do Brasil do que para a Europa ou EUA. Estamos matando o turismo interno. As pautas de todos os estados do Nordeste são as mesmas, e em função disso vamos nos unir, a voz vai ficar mais forte, vai ter mais amplitude. O evento de amanhã vai ser justamente essa oportunidade de nós deputados estaduais estarmos debatendo e chegando a um ponto de equilíbrio.
PNotícias: além desse, Salvador vai abrigar outro evento que vai reunir deputados de todo o Brasil.
Nelson Leal: a pauta da União Nacional dos Legisladores e Legislativo (Unale) é nacional. Vamos ter aqui no Congresso cerca de 900 deputados estaduais, além de assessores, mídia. Isso vai ser bom porque quem vem à Bahia volta encantado. Vamos abordar em especial a automutilação e a depressão, além de outros temas importantes. Vamos debater e ver quais soluções podemos apresentar pra diminuir essa situação que atinge nossa juventude.
PNotícias: voltando a falar sobre eleições, recentemente o deputado federal Cacá Leão fez convite ao apresentador José Eduardo para ser candidato a prefeito pelo PP. É um bom nome?
Nelson Leal: eu, inclusive, o convidei ontem. Não é um bom nome, é um excelente nome. Um comunicador extremamente conhecido e com uma vontade muito grande de acertar Salvador, acertar o estado. Ele cobra muito pra que haja diminuição da desigualdade social que impera aqui. Acho um excelente nome e inclusive reitero o convite. A eleição do ano que vem vai ser atípica, porque sem as coligações não sei o que vai acontecer. Tem nomes já colocados como Bruno Reis, o presidente da Câmara, Geraldo Júnior, PT, PC do B, tem Isidório. No PP, se Zé Eduardo quiser a prioridade é dele. Se não quiser, temos Cacá Leão.
PNotícias: qual a relação da Assembleia com a Câmara Municipal de Salvador?
Nelson Leal: é uma relação excelente, até porque somos grandes amigos. A Assembleia e a Câmara sempre tiveram uma convivência muito harmônica. Nesse momento está muito melhor, porque tenho uma relação de amizade com Geraldinho, e facilita o intercâmbio entre as casas.
PNotícias: de que forma o senhor tem tentado resolver as pendências deixadas pelo antigo presidente. Como descascar esse pepino?
Nelson Leal: a verdade é que o déficit que tem foi gerado em razão do orçamento, que foi feito aquém da realidade do que é executado. Quando você se candidata para determinado cargo, você tem que se debruçar sobre o problema e resolver. Lá na Assembleia a gente tem buscado reduzir despesas.
PNotícias: presidente, já resolveu o problema dos restaurantes da Assembleia?
Nelson Leal: estamos tentando resolver a situação. Isso está desde o final do ano passado. Esperei ao máximo, mas fiz um contrato emergencial com preço bem menor do que o praticado. Espero que até meados de julho a gente conclua. O problema é que todo dia tem uma liminar e está sendo difícil a solução.
PNotícias: quando as contas do governador vão passar pela AL-BA?
Nelson Leal: até o final do mês a gente deve votar junto com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Vamos dar uma acelerada. No Nordeste é um mês complicado, porque tem Santo Antônio, São João e São Pedro.
PNotícias: as últimas contas de Rui julgadas pelo TCE foram aprovadas com ressalva. E na Assembleia, como o senhor acha que vai se encaminhar?
Nelson Leal: esses apontamentos são normais, principalmente quando estamos passando por uma crise sem precedente. É muito difícil passar sem nenhum apontamento. Mas as contas da Bahia estão boas. Somos o segundo estado que mais investe no País, só perdemos pra São Paulo.
PNotícias: presidente, e quais os planos pra o futuro?
Nelson Leal: eu quero cada vez mais aproximar a assembleia do cidadão. Mostrar a importância do legislativo pra o nosso dia-a-dia. Vamos fazer o possível para essa aproximação, trazer para casa os problemas que a Bahia enfrenta. Vamos procurar soluções e ser parceiros da sociedade. Todos estamos procurando trabalhar pra trazer dias melhores, pra que esse lugar que escolhemos pra viver seja cada vez mais abençoado.