Política

Carballal explica projeto que extingue arrastão da Quarta de Cinzas e responde às críticas de Daniela Mercury

17 de Setembro de 2019 às 11h02 - Por: Redação PNotícias Foto: PNotícias
[Carballal explica projeto que extingue arrastão da Quarta de Cinzas e responde às críticas de Daniela Mercury]

Vereador apresentou justificativas para proibição da festa

A Câmara de Vereadores de Salvador aprovou, na última quarta-feira (11), o polêmico projeto de lei que proíbe o tradicional arrastão da Quarta-feira de Cinzas, no circuito Barra-Ondina. O pleito, de autoria do vereador Henrique Carballal (PV), ainda vai seguir para o prefeito ACM Neto (DEM) que, inclusive, já teria dado indícios de veto ao projeto. Em entrevista ao PNotícias nesta terça-feira (17), Carballal falou sobre a polêmica e apresentou suas justificativas. 

“É importante que todos compreendam que não pretendemos acabar com nada. O que queremos é fazer justiça e colocar ordem nas coisas. Todo mundo lembra que Quarta-feira de Cinzas é um dia útil, como hoje por exemplo? Eu pergunto: seria possível as pessoas colocarem um trio elétrico no Farol da Barra nesse instante? Se você trava uma zona da cidade como a Barra, você acaba travando a cidade inteira e paralisa as atividades econômicas da cidade. Então, é bom que fique claro que a Quarta-feira de Cinzas é um dia útil e comum”, explicou.

Carballal salienta que o Carnaval é uma festa religiosa e é feriado “porque o estado brasileiro reconhece a tradição cristã de guardar os dias santos”.  “O Carnaval não tem data fixa. Sabem por que? Porque quem define essa data é a Igreja Católica com base na definição que foi dada pelo Concílio de Niceia, que ocorreu em 325 depois de Cristo. Estamos falando de uma tradição milenar e alguém vem me falar de tradição de vinte anos do arrastão? Só é feriado nacional porque a terça-feira de Carnaval é conhecida como o último dia que antecede à Quaresma. Invadir a Quarta-feira de Cinzas significa negar o significado do Carnaval e modificar o porquê de ele ser feriado. Precisamos ter coerência. No momento em que você invade a Quarta-feira de Cinzas, você está descaracterizando o sentido do Carnaval. Daniela Mercury vai 'morrer', o Gigante vai 'morrer', Daniel Vieira Vai 'morrer', mas o Carnaval para se perpetuar precisamos preservar a Quarta-Feira de Cinzas e Quaresma”, pontuou. 

O projeto prevê uma multa de R$ 500 mil em caso de descumprimento da determinação por artistas, grupos musicais ou quem organizar o arrastão. Questionado sobre a declaração do prefeito de que o arrastão da Quarta-feira de Cinzas é uma festa promovida pelos artistas e não pela prefeitura, o vereador respondeu e aproveitou para responder às críticas feitas pela cantora Daniela Mercury, que se posicionou publicamente contrária à sua ideia: “Em função dessa declaração do prefeito eu estou querendo saber quem foi que autorizou esse ano a realização do arrastão. Empresário não faz nada que não seja para ganhar dinheiro. Então, quero saber se os empresários pagaram as taxas à prefeitura. Vejo artistas fazendo discursos bonitos, como por exemplo a cantora Daniela Mercury, que no domingo de Carnaval estava em São Paulo para ganhar dinheiro e nos dias em que esteve no Carnaval de Salvador, só da Bahiatursa recebeu R$700 mil. Como ela é tão preocupada com os ambulantes porque ela não toca de graça?”.

O vereador afirma que o projeto "não partiu de nenhum radical religioso" ou de uma pessoa que tenha algum tipo de aversão ao Carnaval, mas de um carnavalesco. “Muito pelo contrário. Vereador carnavalesco pode ter igual a mim, mas mais do que eu dificilmente vocês encontrarão. Sou, inclusive, diretor de Relações Institucionais do Afoxé Filhos de Gandhy. Tenho grandes contribuições ao Carnaval da cidade. Fui presidente da Comissão Especial do Carnaval buscando exatamente construir as condições para que o Carnaval pudesse se desenvolver”, justifica.

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