Segundo pesquisa, esta é a sexta alta consecutiva e o maior patamar registrado em 11 anos
A cada dez famílias, quatro atrasaram o pagamento das contas no mês de julho, em Salvador. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Fecomércio-BA, a porcentagem foi de 40,4% em comparação a 38,2% de junho, a sexta alta consecutiva e o patamar mais elevado em 11 anos.
De acordo com o levantamento, em relação a 2021, o avanço foi de 12,6 pontos percentuais ou, em termos absolutos, 118,3 mil famílias que passaram a ficar inadimplentes para um total atual de 377,3 mil que precisam quitar o compromisso atrasado.
Para o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, “a Fecomércio-BA tem alertado que os preços altos e o custo caro do crédito têm atrapalhado as finanças domésticas. Além disso, embora haja a retomada do emprego, os novos postos de trabalho estão sendo com salários mais baixos, o que não tem sido suficiente para contrapor a inflação”.
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Ainda de acordo com a pesquisa do Fecomércio-BA, o cenário gera um alerta para a economia baiana, pois as famílias acabam perdendo o poder de compra e se limitando a aumentar os gastos nos comércios e serviços.
“Sendo assim, para uma retomada mais forte da atividade econômica, as famílias precisam dar um passo atrás, pagar as dívidas em atraso, para depois conseguirem expandir o consumo de forma mais segura”, ressaltou o economista.
Entretanto, a pesquisa indicou que o endividamento registrou uma queda no mês de julho, ante os 67,1% em junho para os atuais 65,2%.
“Um ano antes, o percentual era ainda mais alto, de 68,2%. São, atualmente, 608,7 mil famílias em Salvador que possuem algum tipo de dívida e não necessariamente com atraso”, destacou o consultor.
Em relação às dívidas, o levantamento indicou o cartão de crédito como principal destaque, com 87,6% dos endividados. Em seguida, o crédito consignado, com 8,1%, e o crédito pessoal, com 6,8%, percentual próximo dos 6,2% dos carnês.
Dietze ressaltou que “tirando da análise o cartão de crédito, que sempre está no topo da lista, os carnês eram destaques em julho de 2021 e agora ficam na quarta posição. Ao mesmo tempo em que o crédito consignado sai de 5,5% para 8,1% no período”.
A pesquisa também mostra o tempo de pagamento em atraso, com média de 65 dias, maior período desde janeiro do ano passado.
Para o economista, a situação gera problemas por conta dos juros cobrados, que acompanha a taxa básica do Brasil, a Selic, que se encontra em 13,25%.
Sobre a faixa de renda, a situação piora para os baianos que ganham menos. As famílias com renda até 10 salários-mínimos registraram um endividamento de 66,9%, queda em relação aos 69,2% do mês passado. Apesar do recuo, a inadimplência atingiu 42,4% das famílias, 12,2 pontos percentuais acima do visto no ano passado (30,2%).
A acima dos 10 salários, as taxas avançaram no mês. O endividamento saiu de 45% para 47,3%, já a inadimplência foi de 18,9% para os atuais 21,9%, mais do que o dobro em relação a julho de 2021 (8,8%).
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