Empresário foi o entrevistado desta sexta-feira do programa PNotícias, da Piatã FM
Um dos primeiros setores a ter suas atividades suspensas em razão da pandemia da Covid-19 foi o de eventos. Há mais de um ano sem poder realizar shows presenciais e gerar renda a profissionais do ramo, o empresário baiano do entretenimento Aldo Benevides disse, durante entrevista ao programa PNotícias, da rádio Piatã FM, na manhã desta sexta-feira (9), quais são as suas expectativas para o ano de 2021 diante da chegada da vacina contra o coronavírus. Para Aldo, os eventos devem retornar ainda neste ano. Além disso, o empresário acredita que houve demora no socorro aos profissionais do setor.
Confira entrevista na íntegra:
Jorge Araújo: como vocês estão se mantendo diante desta situação de pandemia?
Aldo Benevides: realente essa pandemia veio pra devastar o nosso setor. É chato falar nisso em plena sexta de manhã, mas é inevitável. Mas não quer dizer que a gente não consiga se reconstruir. O primeiro momento foi doloroso, conseguimos nos reerguer, e veio essa segunda onda, como nocaute. As coisas estão turvas, a luz no fim do túnel está longe, mas temos que ter esperança e acreditar que as coisas vão melhorar. Agora, a gente precisa da ajuda dos políticos e nossos governantes.
Jorge Araújo: você é empresário dos ramos do entretenimento e restaurante. Demorou a ajuda do Poder Público pra esses setores?
Aldo Benevides: sou empresário de banda, do cantor Daniel Vieira, de produção de eventos, e de restaurantes. Acho que o governo e a prefeitura demoraram de tomar alguma atitude. Acho que foram bons na pandemia, no geral, pra população, mas demoraram pra tomar essa atitude e ajudar nosso setor. Isso não quer dizer que a gente não fique agradecido e um pouco satisfeito, porque antes tarde do que nunca.
Jorge Araújo: você teve que demitir funcionários?
Aldo Benevides: sim, com certeza. Em todos os setores tivemos que demitir funcionários. Agora, no setor do entretenimento, quando se faz uma festa de médio porte, são 120 pessoas, no mínimo, trabalhando. O setor de festa foi o mais devastado. O restaurante teve momento que voltou, deu pra respirar, está voltando de novo com protocolo. Mas o setor de festa sofreu e sofre muito.
Jorge Araújo: a proibição da venda de bebida alcoólica atrapalha muito os bares e restaurantes?
Aldo Benevides: não vender bebida é igual a você abrir o seu programa sem o locutor. A bebida no bar tem esse papel de fazer a engrenagem girar. Mas como eu falei, é melhor abrir sem bebida alcoólica do que sem. Mas estamos abrindo apenas com 20% do potencial de vida, porque as pessoas vão mesmo tomar uma bebida. Eu creio que os secretários tenham uma explicação técnica pra isso. Mas pra nós é muito doloroso.
Jorge Araújo: houve negociação para o condomínio?
Aldo Benevides: o condomínio não tem flexibilização porque é a taxa que se cobra pra o estabelecimento estar vivo, como água, é luz. Agora, tem shoppings que estão flexibilizando o pagamento do aluguel. Isso não é porque são gente boa, de coração mole. É que eles sabem que se os lojistas fecham, o shopping também fecha.
Jorge Araújo: e como fica a situação das festas, inclusive do São João?
Aldo Benevides: eu, com todo otimismo, penso em ter evento no São João, mesmo que pequeno. Mas sobre evento ainda esse ano, com certeza vamos fazer, se tiver um bom ritmo de vacina. Vai depender também das novidades que essa pandemia pode trazer, como variantes, reinfecções, etc.
Jorge Araújo: o pacote de benefícios fiscais que o prefeito Bruno Reis apresentou semana passada vai ajudar os donos de bares e restaurantes?
Aldo Benevides: é cedo pra dizer o impacto que isso teve no negócio, mas esse pacote ajudou sim. É importante a sinalização do interesse do Poder Público em ajudar ao setor.
Jorge Araújo: antes da pandemia, de vez em quando tinha confusão entre produtores, um invadia a data do evento do outro, etc. Você acha que após essa pandemia essas relações vão mudar? Vai haver mais união na categoria?
Aldo Benevides: sobre as relações, quero muito acreditar que sim. Não é possível que essa pandemia não tenha deixado nada de bom. Os empresários baianos do entretenimento e outros setores eram muito menos unidos. Após a pandemia, os empresários menos agregadores continuaram. Não houve uma seleção natural de comportamento. Se as pessoas não enxergarem que a pandemia é um novo ponto de partida pra humanidade, aí as coisas vão complicar mesmo. Precisamos dar as mãos pra chegar em algum lugar. Eu aprendi a pensar mais assim depois da pandemia. Tenho fé e otimismo que as pessoas passem a pensar dessa forma.