Washington Couto foi o entrevistado do programa PNotícias desta terça-feira
A pandemia do coronavírus tem afetado diversos setores da sociedade brasileira, principalmente quando se trata da área de saúde. Devido às dificuldades, o Hospital Aristides Maltez (HAM), localizado em Salvador, anunciou na segunda-feira (22) a suspensão de cirurgias eletivas após problemas na compra de medicamentos usados na intubação de pacientes. E para tratar sobre o tema, o programa PNotícias, da Piatã FM, entrevistou na manhã desta terça (23) Washington Couto, diretor administrativo do hospital. Ele relatou os problemas enfrentados e comentou sobre a escassez de insumos que assola o HAM.
“Anestésicos e relaxantes musculares são medicações fundamentais para os procedimentos cirúrgicos de anestesia e também nos processos de intubação e manutenção de paciente na ventilação mecânica. Ou seja, é fundamento pro tratamento da Covid-19 também, para os casos mais graves. O sistema demandou uma grande utilização dessas drogas e nós não temos uma produção no país que dê conta. O próprio Ministério da Saúde fez uma requisição administrativa e bloqueou todos os estoques de todos os fornecedores do país, dos grandes fabricantes, das indústrias, justamente pra suprir a rede do SUS. O Aristides Maltez é um hospital 100% SUS, mas é um hospital filantrópico-privado. Nós precisamos adquirir essas medicações, nós não recebemos da rede SUS, a gente compra. Então devido aos baixos estoques dessas medicações que são fundamentais para os procedimentos cirúrgicos, nós estamos suspendendo as cirurgias eletivas, ou seja, aquelas cirurgias com hora e dia marcado, que são menos graves do que as de urgência”, relatou Washington.
Segundo o diretor, a suspensão dura uma semana. “É o tempo necessário para que possamos ligar para os nossos fornecedores e eles dizerem se têm condições de entregar. A medida foi necessária para que não haja um caos instalado no hospital e corramos o risco de não poder atender as cirurgias de emergência”, afirmou.
A matrícula de novos pacientes também foi suspensa pelo HAM. Ainda de acordo com o diretor, a medida visa preservar os insumos do equipamento.
“A matrícula é um outro caminho. Porque quando a pessoa se matricula, um caso novo no hospital, rapidamente a gente já agenda a cirurgia. Um câncer, por exemplo, o paciente chega e na primeira semana já sai com o dia da cirurgia agendada. E para não afogar o hospital com uma grande demanda que nós temos com quimioterapia e radioterapia e até mesmo atendimento ambulatoriais, estamos também realizando a suspensão. Mas após uma semana, volta tudo à normalidade. E é bom a gente dizer pra alguém que está fazendo tratamento aqui no hospital ou conhece alguém que faz, que quimioterapia, radioterapia e todas as outras consultas estão funcionando normalmente. Apenas bloqueamos por uma semana, do dia 29 de março até o dia 4 de abril”, informou.
Questionado sobre a crise sanitária que vive o Brasil em virtude da Covid-19, Washington desabafou, afirmando que o país precisa assumir a responsabilidade e depender menos de insumos importados.
“A questão de todos os insumos da área da saúde, com a crise provocada pelo coronavírus, nós percebemos que as demandas aumentaram e evidentemente isso traz uma piora. E nós, como brasileiros, torcemos para que a indústria brasileira comece a assumir mais o seu protagonismo e que dependa menos da importação. O setor de saúde quer que toda essa cadeia complexa e muito demandada, invista mais para que tenhamos mais insumos no nosso país e que a gente melhore a cada ano o serviço prestado à nossa população”, finalizou.