“Muita gente está sem saber o que fazer para ter o pão de cada dia”, diz presidente da Abrape sobre atual situação dos trabalhadores de evento - PNOTÍCIAS

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“Muita gente está sem saber o que fazer para ter o pão de cada dia”, diz presidente da Abrape sobre atual situação dos trabalhadores de evento
22 de Março de 2021 às 14h17 - Por: Redação PNotícias (@portalpnoticias) Foto: Marcos Corrêa // PR

Doreni Caramori foi o entrevistado do programa PNotícias, da Piatã FM, nesta segunda-feira

Não é surpresa que um dos setores que mais vêm sofrendo com a crise financeira decorrente da pandemia da Covid-19 é o de eventos. O número de trabalhadores do ramo atingidos direta e indiretamente com a suspensão das atividades da categoria chega a ser inestimável. Para comentar os danos sofridos por estes profissionais há cerca de um ano, o programa PNotícias, da Piatã FM, entrevistou, na manhã desta segunda-feira (22), o presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori, que afirmou: “Muita gente está sem saber o que fazer para ter o pão de cada dia”.

O presidente falou sobre as medidas paliativas utilizadas pelos empresários do setor de eventos para conter os danos aos seus empregados e prestadores de serviço: “A maioria desse recurso é pra manter a empresa viva. Pagar outros fornecedores, pagar os seus colaboradores. Quem está tomando esse dinheiro não é pra guardar. O cara que está tomando esse dinheiro é justamente pra continuar gastando e aumentando o seu passivo, mas pelo menos manter as suas condições e voltar com a empresa assim que puder. Por isso que a gente acha que o pleito desse programa é um pleito muito sujo. Porque é simplesmente pra gente conseguir manter as empresas vivas e ela voltem a cumprir a sua função que é de gerar oportunidades de riqueza e de empregos", explicou.

Além disso, Doreni utilizou como exemplo estados que também vêm buscando formas de suprir parte das necessidades desses trabalhadores e empregadores prejudicados. “A gente tem vários estados que, por razões diferentes, tiveram ações que podem ser usadas como referência. Talvez não por completo, mas você tem ações pontuais que são positivas. Temos, por exemplo, o Ceará, que foi o primeiro estado que lançou um programa de apoio ao setor”, iniciou.

“É um programa ainda muito tímido, mas que tem medidas importantes. Por exemplo, ele reduziu a 50% o IPVA em cima de toda a frota ligada ao setor. Se você pegar uma montadora de stand, por exemplo, montadora de camarote, que tem vários caminhões. Os caminhões estão parados, não estão trabalhando e os cidadãos estão tendo que fazer a renovação do IPVA como se nada tivesse acontecido, então o estado do Ceará atuou nessa área”, acrescentou.

O presidente utilizou ainda como exemplo o estado do Espírito Santo, que neste final de semana agora promulgou lei de incentivo à cultura, permitindo a capitação de recursos através de fundo de ICMS: “Desta forma, as empresas deixam de pagar ICMS e direcionam parte do ICMS pros empreendedores da cultura, então é uma medida bastante importante. E tem algumas coisas em tramitação, principalmente nos estados de São Paulo, Santa Catarina, do Paraná, ligados à redução de impostos e taxas para este setor, na retomada das suas atividades. Então você tem aí isoladamente uma série de políticas que merecem destaque e que podem ser utilizadas como inspiração e experiência para outros estados", detalhou.

Questionado sobre a decisão da Bahiatursa, que decidiu criar uma espécie de cadastro para os profissionais de evento prejudicados com a pandemia, a fim de se pensar na possibilidade de auxílio financeiro à categoria, o presidente da Abrape considerou: "A gente viu as economias mais modernas, mais antenadas do mundo, que na medida em que elas fecharam as atividades, elas já lançaram um programa de apoio. Isso seria o ideal, uma vez que o Estado te proíbe de trabalhar, ele precisa ajustar, criar condições para você se manter”, disse.

“Eu vejo esse tema da Bahiatursa de duas formas. O copo meio cheio é que pelo menos está se fazendo alguma coisa. É óbvio que é tarde, muita gente já quebrou, já deixou de ter condições de sustentar sua família. E o copo mais cheio é que pelo menos aconteceu. Poderia ser mais tarde, inclusive tem uma expressão que diz 'antes tarde, do que mais tarde'. Então, obviamente que o dano já foi grande pra muita gente, mas antes ter isso em algum momento do que ter nunca. Então, que saia rápido e que esse cadastro seja efetivo, que ele gere medidas reais e claras pra pelo menos preservar essas empresas que ainda não fecharam suas portas”, completou.

Para Doreni, a situação atual gera aflição inclusive aos empresários que através das empresas do ramo de evento, geram diversas oportunidades de emprego: “Essa realidade, infelizmente, é a realidade de todo o país. Você tem um setor completamente colapsado, vivendo da esperança e que em muitas vezes ela falta. Você tem aí pelo menos 1/3 das empresas que já fecharam, 1/3 que dificilmente vão ter condições de retomar e 1/3 que queima aí as economias e as condições que por uma vida foram geradas. Tem gente aí que tem 40, 50 anos de mercado e não sabe, se vão dar conta de voltar a trabalhar", lamentou.

"Imagine a sua família, a sua empresa, 12 meses sem nenhum faturamento. É impossível você administrar. Então, essa é a característica do setor e muita gente está em colapso, sem saber o que fazer para ter o pão de cada dia”, concluiu o presidente.

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