Secretário de Saúda da Bahia comentou sobre as festas de fim de ano e fez apelo para a população
Com a chegada dos festejos de fim de ano, os casos do novo coronavírus têm aumentado na Bahia, sem que se tenha uma vacina disponível para a população. E em entrevista ao programa PNotícias, na manhã desta terça-feira (22), o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, comentou sobre a situação delicada que vive o estado, dentre outros assuntos relevantes, como a regulação nos hospitais estaduais.
Confira a entrevista na íntegra:
Jorge Araújo: A situação da regulação, me parece que o estado já informatizou, eu me lembro quando o senhor deu uma coletiva de imprensa dizendo que o estado tinha vaga, mas não sabia onde. De lá pra cá, essa questão da informatização melhorou? E o porquê da demora no atendimento com relação a esses pacientes na central de regulação?
Fábio Vilas-Boas: Melhorou muito. Tínhamos uma média de pacientes ficarem 5 dias pra um atendimento, hoje o tempo médio de ser regulado gira em torno de 48 horas. Demora porque infelizmente não somos um país rico e não tem leito sobrando. Mas nos últimos anos, o governo Rui Costa e o governador Jaques Wagner construíram mais de 10 hospitais. Ampliaram a rede em mais de 100%. E a Saúde precisa de recursos numa escala infinita, quanto mais a gente colocar dinheiro, mais dinheiro terá que ser gasto todo ano. Eu tenho a impressão que, já em 2021, quando a pandemia diminuir, com as aberturas nós fizemos e a inauguração do Hospital Metropolitano, a gente vai conseguir fazer um esforço a mais na regulação, no sentido de reduzir o tempo de espera.
Jorge Araújo: Antigamente o médico ou o diretor do hospital no interior do estado ligava pra central de regulação ou enviava fax. Como é que funciona essa informatização hoje?
Fábio Vilas-Boas: O hospital entra em contato com a regulação, tem um sistema, esse sistema classifica e hierarquiza a gravidade do caso, e a pessoa, dependendo do seu quadro clínico e de onde esteja, é alocada mais rapidamente pra uma unidade ou espera um pouco mais. De modo que não haja nenhum privilégio, seja político ou por amizade. A ideia da central de regulação foi exatamente acabar o favorecimento de poucos em detrimento da maioria.
Jorge Araújo: Qual a previsão pra inauguração do Hospital Metropolitano?
Fábio Vilas-Boas: Previsão é pro dia 2 de abril ele entrar em operação.
Jorge Araújo: Como é que está a situação do nosso estado com relação ao coronavírus?
Fábio Vilas-Boas: A situação está relativamente confortável, mas dentro do previsto. Nós temos uma taxa de ocupação a menos de 80%, o que é um número muito bom. Não temos nenhuma região estrangulada, estamos conseguindo administrar os pacientes de uma região pra outra e não estamos deixando ninguém para trás.
Jorge Araújo: A Organização Mundial de Saúde afirmou que a mutação do novo coronavírus não é mais letal que a anterior. O senhor como médico, o que tem a dizer sobre isso?
Fábio Vilas-Boas: Isso é uma verdade. Nós temos hoje, na Bahia, a segunda mais baixa taxa de mortalidade do país, a sexta mais baixa taxa de letalidade, a quinta mais baixa taxa de incidência do coronavírus. Isso não é por acaso, é fruto de muito esforço, muito dinheiro que foi colocado pelo governo do Estado. Governador Rui Costa abriu os cofres do estado, pra que nós pudéssemos trazer a população, não só a população que depende habitualmente do SUS, mas a população dos convênios que hoje está indo para o SUS. Nós estamos internando pessoas de classe alta em hospitais públicos porque vários hospitais privados hoje já não possuem mais vagas. E essas pessoas estão sendo acolhidas com a mesma ou com mais qualidade do que vários hospitais privados de Salvador ou do interior da Bahia.
Jorge Araújo: O senhor teme que, com os festejos de final de ano, a pandemia possa voltar com mais força pro Estado da Bahia?
Fábio Vilas-Boas: É inevitável, não tem como não acontecer isso. As pessoas vão viajar, vão fazer encontros familiares, vão fazer festas de réveillon, nem que seja nas suas casas, isso não tem jeito. O que a gente tem que tentar fazer é orientar, recomendar, tentar minimizar ao máximo esse pico que vai acontecer como consequência das festividades de final de ano. E orientar para que as pessoas que tenham consciência e que queiram se proteger possam fazê-lo, sem misturar suas bolhas familiares, sem misturar grupos de uma família com grupos da mesma família mais distante. Porque essas pessoas após o natal e réveillon vão voltar pro trabalho, vão contaminar seus colegas de trabalho. Então nosso trabalho como poder público é orientar, coibir, reprimir dentro do espaço público, mas nós não temos como agir dentro da casa das pessoas. Apenas apelamos para a consciência delas e nos preparamos para receber a rebordosa que vai vir fruto dessa falta de consciência de muitos que vão estar aglomerando nesse fim de ano.
Jorge Araújo: E pode vir pior do que a campanha política, não é? Do processo eleitoral que passamos.
Fábio Vilas-Boas: Sim, porque vai ser disseminado nas casas dos 15 milhões de habitantes da Bahia. E vai ser de uma forma mais nefasta, que é o jovem levando a doença para o idoso. Os idosos estão em casa, fugindo da doença, aí vem um adolescente que está destemido, por aí na noite, e leva e contamina a família. Isso é que é duro.
Jorge Araújo: Secretário, falando do Hospital Regional de Juazeiro, um hospital que atende uma demanda muito grande para aquela região, e o que me chamou muita atenção foi a prisão da diretora. Foi uma surpresa pro senhor?
Fábio Vilas-Boas: Esse assunto tá sendo tratado pela Procuradoria Geral do Estado, pela polícia, existe uma investigação correndo em sigilo de justiça, não temos acesso aos autos e temos providenciado todas as medidas necessárias para resguardar os interesses do poder público do Estado e da secretaria de Saúde do Estado.
Jorge Araújo: Como é que a Bahia está fazendo a logística para a vacinação contra a Covid-19? Como vai funcionar?
Fábio Vilas-Boas: Nós fizemos uma licitação, e vamos receber agora a partir de janeiro 5 milhões de seringas de agulha todos os meses, até completar 20. Já tínhamos um estoque prévio aqui na Sesab, vamos trabalhar a partir de 30 centros regionais de imunização e 417 salas de imunização em todo o Estado. Nossa logística já está montada e alinhada, fizemos reunião com todos os secretários, e acredito que final de janeiro, começo de fevereiro, quando a vacina estiver disponibilizada, a Bahia vai sair na frente.