Magistrada baiana foi a entrevistada desta segunda-feira do programa PNotícias, da Piatã FM
Uma semana após ser deflagrada a Operação Faroeste, que investiga a existência de um esquema criminoso de venda de decisões judiciais, o programa PNotícias, da Piatã FM, recebeu, na manhã desta segunda-feira (21), a ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e jurista, Eliana Calmon. Entrevistada pelo apresentador Jorge Araújo, a magistrada baiana fez suas considerações acerca da operação que apura ainda crimes de corrupção no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
Deflagrada na última segunda-feira (14), a Operação Faroeste também resultou na prisão de duas desembargadoras do
TJ-BA, além do afastamento do secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).
“Alguns magistrados começaram a tomar decisões de uma forma correta, só que do meio pro fim começou a troca de favores. E me parece que troca de favores com recursos econômicos. Ou seja, a compra de decisões judiciais”, aponta a ministra a respeito dos motivos que levaram ao início das investigações.
“Tudo indica que muitas decisões eram compradas. Eu tenho decisões que foram dadas no processo José Walter e decisões corretas. Inclusive, um juiz a 30 anos atrás deu uma liminar pra José Walter entrar nas terras dele. E que nem se falava ainda em nada”, continuou.
A respeito das terras que pertenciam a José Walter, um dos maiores latifundiários do oeste da Bahia, Eliana Calmon explica como se deu o processo:
“Os grileiros chegaram e negociaram essas terras, tomaram empréstimos em banco, sabiam fazer o negócio. E José Walter não sabia fazer nada. Então ele foi aumentando essa expectativa, mas quando começou a produção, aí ele sofreu o que ele sofreu e se afastou. Essas quadrilhas continuaram, começaram a negociar, a vender essas terras”, conta.
A ministra relatou ainda as suas conclusões sobre a eficiência da Operação Lava Jato e a atuação do ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Sérgio Moro.
Para ela, a operação foi um espetáculo. “Um divisor de águas. Pela primeira vez, ficou tudo resolvido. E desta forma, nós tivemos todo o desenrolar, onde chegamos pela primeira vez a processar grandes empresários, servidores públicos de alta patente da Petrobrás. E isso foi, efetivamente, um grande tempo. Agora, no momento que a operação começou a apurar e chegou ao trato político, então as coisas começaram a mudar. E hoje a Operação Lava Jato está sofrendo uma desidratação”, concluiu.