Maior produtora de cânhamo no mundo, a China destina mais de 407 mil hectares para produção da planta
O Brasil é um do maiores protagonistas do mundo quando se trata de agropecuária. Principal produtor mundial de diversas culturas como soja, café, açúcar, milho e suco de laranja, o país pode estar se aproximando de um grande mercado no segmento: o cânhamo.
O Agro Times entrevistou Maria Eugênia Riscala e Thiago Cardoso, co-fundandores da Kaya Mind, consultoria que surgiu em 2020 e passou a prestar serviços para o mercado da cannabis, logo após a regulamentação do uso medicinal no Brasil.
A especialista explicou que o cânhamo é uma subespécie da Cannabis sativa L. e está presente como matéria-prima para fins medicinais (através do óleo do CBD) e industriais.
"Aos poucos, a cultura vem sendo reintroduzida na agricultura de diversos países. A planta, que pode ser usar por sua biomassa, pode atingir alturas significativas e tem alto rendimento, além de ser resistente a pragas. O cânhamo conta com no máximo 0,3% de tetrahidrocanabinol (THC), substância que causa efeitos psicoativos. No entanto, pelo baixo índice de THC, 33 vezes mais baixo do que o encontrado nas plantas de cannabis, é impossível sentir efeitos psicotrópicos pelo uso do cânhamo", afirmou.
O fator determinante ara a denominação da planta em questão passa pelo teor de THC presente. Enquanto a cannabis é cultivada por seus fatores psicoativos, o cânhamo é produzido por suas usabilidades em diferentes indústrias.
É possível utilizar até quatro partes das plantas:
- Caules: Transformados em fibras, utilizadas para fraldas, sapatos, cordas, papel e embalagens
- Folhas: Transformadas em polpa, utilizada para papel e embalagens, cimento, camas para pets e fibra de vidro
- Flores: Transformadas em extratos, utilizados para produção de óleos e destilados
- Sementes: Transformadas em óleos, usados como azeite, margarina, suplementos, biocombustível, solventes, bioplásticos, cosméticos e outros, além de serem utilizadas cruas em alimentos, como na granola.
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A CEO da Kaya Mind ressalta as características alimentícias da planta. Segundo a especialista, a proteína do cânhamo só tem menos quantidade de proteína por porção do que a ervilha.
"O cânhamo é alimento, sendo grão ou semente, esse é um potencial muito diferente de outros produtos sustentáveis. Isso porque é possível fazer desde a ração animal até um grão benéfico para saúde humana. Essa seria uma grande revolução em termos de alimentação. Além disso, o cânhamo utiliza muito menos água que outras culturas. Além de ser forte, resistente ao vento e acostumada a nascer em qualquer lugar. Então, existe toda essa questão da sustentabilidade", avalia.
Em termos de sustentabilidade, a planta pode surgir como uma opção responsável na produção mundial. Thiago Cardoso, chefe de inteligência da consultoria, explica que o cânhamo pode substituir tudo que é feito a partir do plástico e ressalta os benefícios do concreto feito a partir do produto, chamado de hempcrete.
"Existem fábricas de automóveis que fazem portas de carros de cânhamo, existe isolante de ar-condicionado, camisetas, tênis e calças feitas a partir do produto. Hoje, o concreto feito a partir da planta traz muito mais benefícios como durabilidade e sustentabilidade na comparação com o concreto tradicional", explica.
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