Votação deve acontecer nesta quarta-feira (18)
O relatório da CPI do 8 de janeiro deve apontar a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques nos ataques às sedes dos três Poderes. A previsão é que o documento seja apresentado nesta terça-feira (17).
O texto é tratado com sigilo pela relatora Eliziane e também deve mirar em militares. Porém, a votação, segundo a Folha de S.Paulo, deve ocorrer na sessão seguinte, de quarta-feira (18). Apesar da cautela de Eliziane, parlamentares aliados apontam que a participação de Bolsonaro na teia golpista que levou aos ataques de 8 de janeiro foi exposta pelo programador Walter Delgatti Neto, o hacker da Vaza Jato, e pela delação premiada de seu principal ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.
Ao longo dos trabalhos, a CPI derrapou na convocação de fardados e chegou a perguntar ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, se haveria constrangimento em ouvir alguém da caserna.
Ainda segundo a Folha, o ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier não foi sequer convocado pela comissão para explicar o suposto aval a um plano golpista de Bolsonaro após a vitória de Lula (PT). A CPI também não levou adiante o depoimento do general Walter Braga Netto (PL), ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa derrotada de Bolsonaro.
Mesmo assim, assessores que participaram da construção do relatório afirmam que o documento deve reforçar o envolvimento de militares formados nas forças especiais do Exército, os chamados de "kids pretos", e sugerir o indiciamento do general Ridauto Fernandes, que também não foi ouvido pela CPI, mas acabou sendo alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal no mês passado.
"Nós ouvimos as mais diferentes patentes aqui nesta comissão, é natural que no nosso relatório nós também tenhamos indiciamentos", disse a relatora nesta segunda-feira (16) ao ser questionada sobre o indiciamento de militares e do ex-presidente da República. Ela não confirmou nenhum nome.
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Parlamentares da base avaliam que a comissão também foi importante para aumentar a pressão sobre Cid. A CPI convocou o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ameaçou chamá-lo de novo, quebrou seus sigilos e revelou que a lista de presentes recebidos pelo ex-presidente era maior do que a anteriormente conhecida.
Um dos pontos de maior embate durante a investigação foi a participação do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), e do ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Gonçalves Dias. Segundo parlamentares aliados de Eliziane, a relatora não deve sugerir o indiciamento de GDias, mas apontar que houve falhas na proteção do Palácio do Planalto.
Ao longo dos cerca de cinco meses de funcionamento, a CPI sofreu revezes do STF (Supremo Tribunal Federal). O ministro Kassio Nunes Marques, por exemplo, suspendeu a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Silvinei Vasques.
Kassio também dispensou Marília Ferreira de Alencar, ex-braço direito de Torres, de comparecer à CPI, diferentemente de outros ministros do STF, que determinaram que as pessoas convocadas poderiam ficar em silêncio, mas eram obrigadas a ir.
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