Relatos estão no livro “Um Paciente Chamado Brasil”, que deve ser lançado nesta sexta
No livro “Um Paciente Chamado Brasil”, previsto para ser lançado nesta sexta-feira (25), o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, narra os 90 dias que esteve à frente da pasta. Escrita pelo repórter Wálter Nunes, a obra relata um suposto desinteresse por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a respeito das questões levantadas pela equipe de Saúde do seu governo. Além disso, o livro aponta que em um dos primeiros encontros do governo sobre a pandemia, o Walter Braga Netto, da Casa Civil, e Sérgio Moro, agora ex-ministro da Justiça, demonstravam espanto enquanto o chefe do Executivo aparentava tranquilidade.
De acordo com o livro, Mandetta teria ficado insatisfeito com o comportamento do presidente: “Ele nunca aceitou sentar comigo para ver a realidade que o seu governo estava para enfrentar”, diz o ex-ministro. O presidente teria ainda ignorado alertas da pasta que já apontava projeções de 30 mil mortes a até 180 mil casos confirmados da Covid-19 caso as medidas de isolamento não fossem cumpridas. De acordo com o último boletim nacional, o Brasil já registra 4,6 milhões de casos da doença e cerca de 140 mil mortes.
A obra também aponta como Bolsonaro passou a se opor ao Ministério da Saúde através de discursos contra o isolamento e a favor da cloroquina, mesmo sem eficácia comprovada contra a Covid-19. Além disso, é relatado que o presidente sugeriu que fossem feitas mudanças na bula do remédio por decreto para que a oferta fosse ampliada. A medida, no entanto, foi contestada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).