Deputado diz ainda que prefeito não deixou de lado questões ideológicas neste período de pandemia
O deputado federal e pré-candidato a prefeito de Feira de Santana, Zé Neto (PT-BA), criticou a postura do prefeito da cidade, Colbert Martins, no enfrentamento ao novo coronavírus. De acordo com ele o prefeito não está interessado em uma conciliação com o governo e não passou por cima de questões ideológicas para ajudar no combate da doença. Na entrevista na manhã desta quinta-feira (13), ao programa PNotícias, o deputado, além de avaliar a gestão do emedebista, ainda falou sobre os recursos destinados à Feira de Santana que segundo ele, não estão sendo utilizados de forma adequada.
O deputado elogiou a postura do governador Rui Costa (PT) e do prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), e afirmou que não houve essa “conciliação” em Feira de Santana, o que, de acordo com a sua avaliação, dificulta o processo da cidade neste período de pandemia.
“Todos estariam em uma situação bem mais confortável se houvesse a compreensão desde o início, por parte do prefeito, que nesse tipo de enfrentamento, numa guerra dessa, o que tem de menor são os interesses ideológicos ou interesses de grupo. O que tem de mais importante é a conciliação”, opinou.
“Houve em Salvador um processo de conciliação com o prefeito da capital e o governador Rui, deixando de lado palanque e diferenças e os resultados foram muito importantes, principalmente sabendo que Salvador é a segunda cidade que tem maior adensamento populacional, densidade demográfica populacional, do mundo. Só perde, se eu não me engano, para Blangadesh. Eu diria a você que salvou muitas vidas”, disse o deputado, elogiando a parceria entre Rui e ACM Neto.
Em contrapartida, Zé Neto disse não ter visto a mesma postura por parte de Colbert Martins: “Em Feira, desde o começo, a gente teve resistência, inclusive, eu tentei o tempo todo dialogar com ele [prefeito Colbert Martins], chegamos a visitar uma unidade, demos a ideia de abrir um Hospital de Campanha, que ele no começo teve resistência. Aí nosso mandato colocou R$ 3 milhões de emenda, e aí disse: ‘Olha, até o dia 14 de abril ou você começa, ou o governo vai entrar e fazer. Vai ficar feio para o município o governo ter que pagar um Hospital de Campanha, que o município já tinha recebido, naquela época, alguns recursos federais, e vai ficar cruzando os braços’. O fato é que agora, nós estamos vivendo essa falta de sintonia”.
E continuou: “Até hoje a gente não tem um pronto atendimento específico de coronavírus em Feira. Se passou um período de quatro, ou cinco meses e a gente não fez uma ajuda aos estudantes das escolas, enquanto cidades já passaram três ajudas na alimentação, não é?! Em Feira a gente tem essa dificuldade. Transporte coletivo, sem diálogo com o município, um processo difícil, metade dos ônibus sem rodar, as pessoas estão indo numa espécie de sardinha para ir trabalhar”.
O deputado disse também que, muito embora os números de casos da Covid-19 estejam caindo no momento, não é possível dizer que “deu tudo certinho”, pois, segundo ele, houve equívocos no enfrentamento desta crise.
Os números [casos da Covid-19] estão decrescentes. Apesar de ter tido certa baixa nos últimos dias, a gente ainda tem receio do que vai acontecer nos próximos. A gente hoje, em Feira, tem quase 160 mortes e não dá pra dizer que deu tudo ‘certinho’, ao contrário, acho que tiveram equívocos e equívocos muito próximos de um processo total de falta de sintonia”.
O deputado contou que foram repassados R$ 2 milhões para o prefeito Colbert Martins utilizar no pronto-atendimento da cidade, porém, afirma que, até o momento, o prefeito não gastou nada do dinheiro, não abriu o pronto-atendimento e nem disse que vai fazer. “A gente tem algumas dificuldades, infelizmente, na condução do processo lá com o prefeito”, definiu.
Ao ser questionado sobre a abertura antecipada do comércio em Feira de Santana, o deputado deu a entender que faltou planejamento do prefeito ao tomar a decisão. “O problema, eu diria, que abrir e fechar muitas vezes, como aconteceu, eu acho que acabou sacrificando o comércio, sacrificando as pessoas e penalizando quem não devia ser penalizado, que no caso seriam os comerciantes e a população. Porque o problema não é fechar e abrir é quando fechar e quando abrir. Esse é o aspecto mais importante, o ‘como fazer?’. Como é que você vai fazer uma abertura de comércio e qual é a situação dessa abertura. Fazer uma reabertura de comércio com que transporte coletivo? Fazer uma reabertura de comércio sem movimentações laterais. Fazer uma reabertura de comércio e não aceitar fazer a noite, pelo menos, um toque de recolher... Essas coisas todas que a gente vai encontrando e que no percurso dá problema e não é pouco”.
O deputado afirmou que o dinheiro fornecido para Feira de Santana no combate ao novo coronavírus está sendo utilizado de maneira inadequada e contou que o Ministério da Saúde questionou compras da prefeitura da cidade.
“O dinheiro do coronavírus, Feira de Santana recebeu mais de R$ 70 milhões agora, com a última parcela que chegou, não é só para saúde. O dinheiro chega pra saúde, o dinheiro chega pra fazer frente às dificuldades de conta, o dinheiro chega para as estruturas, o dinheiro chega para ajudar no conjunto da obra. Então, o dinheiro chega para auxílio-alimentação, para a cultura. Então, aonde esse recurso chegar ele tem que ser destinado ao coronavírus”, começa.
“O que os prefeitos estão fazendo, que Feira não está atrás, é o seguinte: recebeu lá, 70 e tantos milhões. Só de emenda parlamentar, recebeu, se eu não me engano, mais de oito milhões. O que ele faz? Pega essa recurso, todo esse recurso, inclusive recursos específicos para uso direto de saúde e continua gastando na rede. Comprando ventilador de teto, comprando computador, querendo comprar balde de pedal. Inclusive, lá em Feira, ‘um mundo’ de balde de pedal, que até o Ministério da Saúde disse: Para que tanto balde de pedal?’. ‘Ah, porque eu tenho que colocar em todas as minhas policlínicas, em todas as minhas UPAs’ [descreve a resposta de Feira de Santana]”, conta, revelando o questionamento do Ministério da Saúde com gastos de Feira de Santana.
E dispara: “Começa a utilizar esses recursos nos gastos do dia-a-dia, em função disso, ele vai economizar na sua receita e não vai utilizar diretamente no coronavírus. Então, isso demonstra, primeiro, uma falta de planejamento, falta de execução adequada e isso é grave, porque você está falando de uma pandemia que pode cessar no ponto de vista do seu pico, mas ela vai continuar gradativamente e a Deus pertence o que vai acontecer nos próximos meses”.