Carballal convocou todos os líderes religiosos para derrubar o veto
O prefeito ACM Neto anunciou o veto total ao polêmico projeto de lei que pretendia pôr fim ao tradicional arrastão da Quarta-Feira de Cinzas. O anúncio aconteceu durante a coletiva de imprensa, na tarde desta quarta-feira (13).
"Trata-se de um tema que acabou despertando um grande interesse da imprensa nacional e havia uma cobrança grande para a prefeitura", destacou o gestor na chegada ao local. Ele afirma que tomou a decisão baseada no parecer da Procuradoria-Geral do Município.
Segundo o BNews, a Prefeitura ressalta que o Estado é "laico" e a "igualdade de todos perante a lei". O veto foi encaminhado para a Câmara Municipal de Salvador. "O nosso parecer é baseado apenas na análise jurídica da matéria", destacou, ressaltando o direito a livre manifestação cultural no país.
"O projeto precisaria passar por discussão junto a sociedade, o que não foi feito", disse Neto, ressaltando que o arrastão não faz parte do calendário oficial de eventos promovidos pela Prefeitura de Salvador.
A matéria, de autoria do vereador Henrique Carballal (PV), foi aprovada em setembro deste ano. A proibição pretendia pôr fim dos festejos pós programação oficial do carnaval entre as 5h às 23h59 em locais públicos. O edil usou a justificativa religiosa do assunto por desrespeitar o início da Quaresma, um dos momentos mais importantes do rito cristão, principalmente o Católico. Quem descumprisse a medida poderia ser multado.
O vereador Henrique Carballal (PV) vai colocar à disposição o cargo de vice-líder de governo na Câmara Municipal de Salvador. O edil disse que trabalhará para derrubar o veto do prefeito.
"Sou um político coerente e respeito muito o prefeito. Sou um dos aliados mais fiéis e corretos dele aqui na Câmara. Tenho certeza que contarei com o apoio do presidente da Câmara Geraldo Júnior nessa empreitada", declarou.
Carballal convocou todos os líderes religiosos e também espera contar com o apoio da bancada evangélica da Câmara Municipal para derrubar o veto. O edil afirma possuir 18 dos 22 votos necessários para derrubar o veto. O vereador rebateu o argumento de que o projeto fere a laicidade do Estado.
"Se abriu um precedente perigoso, porque o prefeito está declarando que todos os feriados religiosos (são inconstitucionais)", avaliou, afirmando que promete ir até as últimas consequências para derrubar o veto. "Quem é que paga os trios elétricos que tocam no arrastão?", questiona sobre a afirmação de Neto, dizendo que o evento não tem relação com a prefeitura.
Ele também afirma que vai entrar com uma ação no Ministério Público da Bahia para avaliar os eventuais "crimes de responsabilidade" pela realização do evento.