Através de conversas por WhatsApp Queiroz debate situação de cargos que poderiam ser usados por aliados no Congresso
O ex-policial Fabrício Queiroz atua exercendo influência num ambiente próximo ao da família do presidente Jair Bolsonaro e fazendo indicações políticas. Mesmo afastado formalmente dos gabinetes de membros da família Bolsonaro, um áudio de WhatsApp de junho deste ano, mostra que o ex-assessor do hoje senador Flávio Bolsonaro, sugere a um interlocutor como proceder para fazer indicações em gabinetes de parlamentares.
Ao jornal O Globo, Queiroz admitiu que mantém a influência por ter "contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no Estado do Rio de Janeiro". Por nota, Flávio Bolsonaro negou que tenha aceitado indicações do ex-assessor e que mantenha qualquer contato com ele.
Fabrício Queiroz é investigado pelo Ministério Público por supostamente organizar um esquema de rachadinha — um combinado em que funcionários nomeados devolvem parte dos salários ao parlamentar. Ele atuou gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio entre 2007 e 2018. Na época, emplacou sete parentes na estrutura.
Em conversa por áudio de WhatsApp do início de junho, mostra “O Globo”, Queiroz debate com um interlocutor a situação de cargos que podiam ser usados por aliados no Congresso. Ele sugere que indicações poderiam ser feitas por meio de comissões ou em gabinetes de outros deputados e senadores, e não apenas em cargos vinculados à família Bolsonaro, di
“Tem mais de 500 cargos, cara, lá na Câmara e no Senado. Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles [família Bolsonaro] em nada”, diz Queiroz. Mais adiante, ele prossegue: “Vinte continho aí para gente caía bem pra c...”.
Queiroz menciona o gabinete de Flávio Bolsonaro no Senado como um local muito procurado por outros parlamentares. Demonstra conhecer o funcionamento do gabinete e sugere ao interlocutor procurar parlamentares que frequentam o local para tratar de nomeações.
“O gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores, pessoal para conversar com ele, faz fila. Só chegar lá e nomeia fulano aí para trabalhar contigo aí, salariozinho bom desse aí para a gente que é pai de família, cai como uma uva”, diz Queiroz.