Fundador da Associação para Pesquisa e Desenvolvimento da Cannabis Medicinal concordou em parte com o parlamentar
O deputado baiano Bacelar (Podemos-BA), integrante da comissão que discute produção de medicamentos a partir do canabidiol, deu declaração que pode causar controvérsia na Câmara dos Deputados, em Brasília. Bacelar afirmou ser a favor da liberação para uso recreativo, como lazer.
“Defendo a liberação por uma questão filosófica. Não cabe ao Estado dizer o que devo fazer nos meus horários livres. Eu bebo, fumo, posso ler, ir à praia, deitar rede. E posso nem fazer nada também. E, outro ponto, está provado que a maconha não causa malefício. Tranquiliza as pessoas, as torna mais sociáveis, mais amigáveis. Diferente do álcool”, disse Bacelar ao Radar.
No entanto, o parlamentar disse não saber se irá apresentar essa emenda na comissão. Bacelar acha que pode “intoxicar” a discussão da chamada maconha medicinal.
Em entrevista ao PNotícias, Leandro Stelitano, presidente e fundador da Associação para Pesquisa e Desenvolvimento da Cannabis Medicinal no Brasil (CANNAB), concordou em parte com a declaração de Bacelar, mas alertou que o termo “uso recreativo” é utilizado de maneira equivocada.
“Concordo em parte com o deputado. Em relação ao direito de uma pessoa fazer o que quiser, com certeza, precisamos defender. Mas o termo 'uso recreativo' não existe. É uso medicinal, para crianças, adolescentes ou maiores de idade que necessitem do medicamento, ou uso adulto, para quem queira utilizar a substância de maneira social”, comentou Stelitano, destacando ainda que o uso social da maconha por crianças e adolescentes até 22 anos não é recomendado.
O fundador da CANNAB alertou também sobre a importância da regulamentação do cultivo, produção e venda da cannabis medicinal no Brasil.
“O que a gente busca é que a ANVISA regulamente o medicamento e o plantio aqui no país, pois a maioria das pessoas não têm condições de importar a substância. Quem mais precisa está à mercê dessa situação. É inaceitável que o Brasil seja o último país na América do Sul a regulamentar o uso medicinal da Cannabis”, concluiu Stelitano.