Entrevistas

Superintendente da Defesa Civil da Bahia diz que é impossível prever se haverá novos terremotos

01 de Setembro de 2020 às 12h17 - Por: Redação PNotícias Foto: Reprodução // Instagram
[Superintendente da Defesa Civil da Bahia diz que é impossível prever se haverá novos terremotos]

Paulo Sérgio Luz concedeu entrevista ao programa PNotícias, da Piatã FM, na manhã desta terça-feira (1º)

Depois dos terremotos que atingiram pelo menos 40 cidades da Bahia nos últimos dias, a população está ainda mais atenta aos tremores de terra. Em entrevista ao apresentador Dinho Junior, no programa PNotícias, da Piatã FM, na manhã desta terça-feira (1º), o superintendente da Defesa Civil do Estado da Bahia, Paulo Sérgio Luz conta que no  município de São Miguel das Matas, no Recôncavo Baiano, mais de 50 casas apresentam rachaduras e algumas delas não possuem mais estrutura para moradia. “Pela primeira vez aqui na Bahia nós tivemos um tremor de 4.6 na escala Richter de magnitude, que é o maior já registrado no estado”, relatou o superintendente. 

Paulo Sérgio Luz informou ainda que ocorreram novos tremores na manhã desta terça-feira na região de Amargosa: “Ocorreu umas 3h30 da madrugada, de 2.0 na magnitude e o outro agora, 6h33 da manhã, de 2.4 na magnitude. A população sentiu mais uma vez. Já conversei com o prefeito lá de São Miguel das Matas e realmente confirmaram. Eu recebi esses dados agora do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)”, disse. 

Confira entrevista na íntegra:

Dinho Junior: o que aconteceu no recôncavo baiano pra causar os terremotos?

Paulo Sérgio Luz: tremores de terra fazem parte da natureza. É como a chuva, como a nuvem, o sol, faz parte da natureza da terra. A terra é um globo formado por placas tectônicas que se movimentam o tempo inteiro. Felizmente, o Brasil não está no encontro de duas placas, porque aí sim nós estaríamos sujeitos a grandes terremotos, como ocorre lá no Japão, no Chile, Haiti e outros países que acontecem tragédias como tsunami e tudo. Felizmente a gente não tem essa possibilidade aqui de ter um grande terremoto porque a gente está no meio de uma placa tectônica. Só que no meio dessa placa onde o Brasil se encontra, foram identificadas 48 falhas geológicas. As falhas são como se fossem umas fissuras na rocha. Quando essas falhas se movimentam milímetros, bem pouquinho mesmo, essa movimentação libera a energia que está presa lá embaixo. Quando ela libera, ela irradia pra superfície da terra, causando tremor e provocando um barulho pra população que está mais próxima do epicentro. Ela consegue ouvir um barulho semelhante a um trovão. 

O que acontece nesses tremores é que em torno de 10 km de profundidade da terra, ali na região de Amargosa, São Miguel das Matas, Mutuípe, ocorre essa movimentação lá embaixo. 

Pela primeira vez aqui na Bahia nós tivemos tremor registrado em 4.6 na escala Richter de magnitude, que é o maior já registrado no estado. Nunca teve um tremor dessa magnitude. Isso não tem que preocupar a população que está distante. Aqui em Salvador, Vitória da Conquista, Itabuna, Itaberaba, muitas pessoas sentiram a terra tremer, mas isso não tem impacto nenhum. Não tem rachadura de parede, de piso, nada. Agora para os municípios que estão ali no entorno do epicentro, que é o caso de Amargosa, São Miguel das Matas e Mutuípe, esses sim. Em São Miguel das Matas são mais de 50 casas com rachaduras, algumas não têm condições de moradia mais, as famílias já estão acolhidas pela prefeitura municipal. Nós solicitamos um levantamento de todas essas casas pra gente ajudar o município. O governador Rui Costa junto ao governo do estado já colocou toda uma estrutura à disposição pra ajudar esses municípios. Também solicitamos ajuda da Defesa Civil Nacional, que cuida dos desastres junto com a gente, então esses municípios sim estão impactados. 

Toda vez que ocorre um tremor como esse de 4.6, que ocorreu em Amargosa e 3.7, que foi em São Miguel das Matas, ficam acontecendo por alguns dias tremores secundários, que é o caso desse que ocorreu hoje. Então pode ser que perdure ainda por alguns dias esses tremores até normalizar. Isso, mais uma vez, eu quero deixar bem claro nessa entrevista, não é motivo para causar pânico à população. Não é motivo pra ninguém deixar de dormir, de trabalhar, de fazer sua vida normal, porque se acontecer de novo, a pessoa tem que apenas que ter alguns cuidados. 

Dinho Junior: sobre o relato de uma mulher que se escondeu embaixo da mesa com a filha, a atitude dela está correta?

Paulo Sérgio Luz: ela tomou a atitude mais correta do mundo. A necessidade é a mãe da criatividade. Ela tomou a atitude mais recomendada.

Se esconder embaixo da mesa é importante porque geralmente as telhas caem. As casas que não têm cobertura, cai na cabeça das pessoas. Geralmente os lustres vão soltar, aqueles jarros que colocam em cima do armário vão cair e as janelas de vidro, que nesse momento a gente recomenda que as pessoas se distanciem ao máximo, estouram. Os vidros voam em direção à pessoa, podendo levar a um acidente seríssimo e até a óbito. Então essa senhora está de parabéns. 

Dinho Junior: quais cuidados a população deve ter durante um tremor de terra? 

Paulo Sérgio Luz: pode também se proteger debaixo da cama, debaixo do batente da porta, mas sempre se distanciando dessas coisas pesadas que podem cair em cima das pessoas. Sempre desligar o fogão, pode haver um incêndio também. Se der tempo, porque isso é muito rápido, de 4 a 40 segundos um terremoto, a pessoa pode desligar a chave também da energia elétrica. Se morar num prédio, jamais usar o elevador porque a pessoa pode ficar presa. E a recomendação é que a pessoa permaneça dentro de casa. Deve sair de dentro de casa se observar grandes rachaduras na parede, porque aí a casa pode estar emitindo sinais de que pode vir a cair. Indo pra rua, a primeira recomendação é: não corra. Se você correr com a terra tremendo, a tendência é que você caia. Continue andando, sem correr. Não fique próximo a muros, nem debaixo de postes. Se você está dentro do seu carro, está dirigindo, não entre em desespero. Diminua a velocidade, procure estacionar o seu carro num local seguro e permaneça no seu carro, não saia.

Depois do terremoto, parou, a primeira coisa é observar se a sua casa está com rachaduras. Se tem, pegue sua família, vá pra casa de um parente, vá à prefeitura, peça a ajuda de um engenheiro civil pra que avalie se a estrutura do seu imóvel foi afetada e oferece algum risco de desabar. Se não oferecer risco de desabafar, você volta pra sua casa e continua. Se oferecer risco, aí a prefeitura vai providenciar um aluguel social, um outro local pra família se hospedar. 

Essas são recomendações que eu passei, mas nada disso é pra gerar pânico. Tem que entender que isso pode acontecer com qualquer pessoa, mesmo em regiões que não têm históricos de terremoto. 

Desde 2012 que Mutuípe começou a ter esses tremores, mas agora com uma maior força. O terremoto pode ser fraco, moderado ou forte. Pra ele ser forte, ele tem que ser acima de 6.0 de magnitude na escala Richter. A partir daí, a tragedia é grande. De 1 até 3, ele é considerado fraco. De 3, até 6 ele é moderado. Então, pela primeira vez, nós tivemos um terremoto moderado registrado aqui na Bahia, que foi esse em Mutuípe. Mas isso não significa que vai evoluir para o forte, a tendência é sempre daí pra baixo porque a gente não está em raio de encontros de placas tectônicas. Só tem terremoto forte onde há encontro de placas tectônicas, o que não é o nosso caso. 

Dinho Junior: já existia uma expectativa desses terremotos pelos estudiosos? Qual é a expectativa daqui pra frente? Se pode esperar mais tremores?

Paulo Sérgio Luz: quando vai ter uma tempestade aqui em Salvador, agentes da Defesa Civil estadual e a Codesal emitem alertas, toca sirene, manda se preparar e não sair de casa. Quando tem um vendaval, a gente emite alerta. Quando vem uma onda de calor muito grande, a gente também emite o alerta. Mas para terremoto, é impossível. 

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