Entrevistas

Bruno Barral fala sobre início do ano letivo, critica fechamento do Odorico Tavares e dispara contra Moema Gramacho

10 de Fevereiro de 2020 às 14h50 - Por: Rafael Albuquerque Foto: PNotícias
[Bruno Barral fala sobre início do ano letivo, critica fechamento do Odorico Tavares e dispara contra Moema Gramacho]

Secretário concedeu entrevista ao programa PNotícias, que vai ao ar de segunda a sexta na, das 6h às 9h, na Piatã FM

O secretário Municipal de Educação, Bruno Barral (PSDB) concedeu entrevista ao programa PNotícias, na Piatã FM, na manhã desta segunda-feira (10). Ele falou sobre o início do ano letivo, fechamento de escolas e situação dos estudantes baianos no IDEB. Barral fez duras críticas ao fechamento do colégio Odorico Tavares por parte do governo e disparou contra a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT). Confra a entrevista na íntegra abaixo:

 

PNotícias: vamos começar falando do início do ano letivo da rede municipal. Já começou? 
Bruno Barral: sim, na semana passada.

PNotícias: qual o balanço que você pode fazer, desse tempo de quase 3 anos que você tem à frente da Secretaria Municipal de Educação? E o que a secretaria preparou para esse ano letivo de 2020 para os estudantes da rede municipal? 
Bruno Barral: a cada ano a gente vem evoluindo, principalmente, na antecipação do início do ano letivo. Esse ano a gente iniciou junto às escolas particulares da capital, o que prova que a gente procura dar uma educação com equidade e qualidade para o filho do pobre também. A infraestrutura das escolas, para você ter ideia, o ano tem 52 semanas, e esse ano nós vamos entregar 26 novas unidades na capital, unidades todas construídas em um padrão que não deve nada a nenhuma escola particular...

PNotícias: 26 escolas construídas do zero ou reforma?
Bruno Barral: todas elas do zero. Derrubamos as escolas antigas que tinham, que estavam sem condições, e fizemos novas. Escolas com ar-condicionado em todas as salas, brinquedoteca, laboratórios, bibliotecas, que servirão também às comunidades, quadras, coberturas de quadras para poder a comunidade também utilizar o espaço da escola. Eu acho que o balanço mais positivo da nossa gestão é essa integração entre comunidade e comunidade escolar. É você fazer com que as pessoas que moram nos bairros ao redor da sua escola entendam que aquele equipamento é um equipamento que deve ser cuidado e que também é para servir toda aquela comunidade dos bairros e adjacentes.

PNotícias: a prefeitura fechou alguma escola no ano de 2019?
Bruno Barral: no ano de 2019 não fechamos nenhuma escola não, pelo contrário, nós estamos abrindo novas escolas. Não vamos entrar nessa polêmica do Odorico não senão a gente vai começar a falar... (risos)

PNotícias: não tem como não falar do Odorico, que é um caso que está na mídia, na imprensa, já tem algum tempo. Aliás, o governador Rui Costa corajoso, viu?! Não voltou atrás, bateu pé firme de que o Odorico para esse ano de 2020 já não vai funcionar. Agora, ele prometeu a construção de outras escolas em Salvador, vamos ver se essa promessa, de fato, sairá do papel. Agora, secretário, no final do ano passado, setembro ou outubro, eu acompanhei uma informação da retirada dos vigilantes das escolas no período onde não tenha aula, esses funcionários terceirizados então, não mais trabalhariam. Isso já está sendo executado na rede municipal e porquê? 
Bruno Barral: vamos lá, está sendo feito, mas vou só pegar uma pausa para falar o que você falou que Rui prometeu que vai fazer 14, 10, 12 escolas. O governo do PT está a 14 anos no Governo do Estado e não construiu uma sala de aula em Salvador. O Odorico Tavares que é uma escola que cabe mais de 3.000 alunos, que poderia ter uma condição de se fazer ali um trabalho com SENAC, SEBRAE... só porque é bairro de rico, pobre não tem direito de estudar? Então eu acho que são coisas que a gente precisa avaliar sobre esse processo e, principalmente, uma escola não fecha da noite pro dia. A matrícula vem minguando ao longo do tempo e isso não foi em nenhum momento para fomentar a matrícula e aumentar o Odorico. Então, a decisão quando você tem apenas 100 matriculados em uma escola que cabe 3.000, fechar realmente é a mais racional. Mas quando você parte para o processo do histórico da educação do estado da Bahia, que tem o pior IDEB [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] do Brasil, desde 2006 é o mesmo IDEB, quando eles assumiram, ou seja, não melhorou em qualidade, não melhorou o acesso e não fez uma sala de aula em Salvador. Então assim, você quer fechar uma escola como essa e quer abrir outras 14? Projete antes! Faça o processo licitatório, construa as escolas e depois faça a nucleação como você quer fazer. Então assim, esse é um processo que eu vejo que o Governo do Estado está em uma promessa, eu espero realmente que ele entregue e faça alguma coisa pela capital, principalmente em termos de educação. Com relação aos porteiros que você falou, é muito importante a gente falar o seguinte, a gente buscou uma medida de mudança de carga horária, onde os porteiros trabalhavam 12x36, e passaram a trabalhar 44 horas por semana. Isso me permitiu um reordenamento na minha carga horária e com que eu conseguisse ter uma efetividade com menos porteiros do que eu precisava...

PNotícias: é então uma economia para a prefeitura?
Bruno Barral: em 20 milhões [por] ano.

PNotícias: agora em relação à segurança, secretário, nesse período onde a escola não é assistida pela segurança patrimonial, houve já algum caso após essa decisão da secretaria em relação a invasão, a depredação de patrimônio, alguma coisa nesse sentido?
Bruno Barral: nada que mudasse da média que sempre esteve. Não foi feito da noite para o dia, eu peguei durante 20 finais de semana e visitei quase 150 escolas no geral, com minha equipe como um todo, sete entre outros. E a gente estava verificando um comportamento que não era o mais adequando com relação a presença desses profissionais dentro da portaria. Então, se definiu uma mudança o regime de carga horário, é claro que isso passa por um planejamento, não foi da noite para o dia, como eu falo aqui, que você chega lá, faz a redução do quadro e muda a carga horária, ao contrário, eu mudei a carga horária e depois que eu fui fazendo paulatinamente. Claro que isso gera um pouquinho de desgaste, mas, a medida de economia, uma medida de eficiência, é o dinheiro da gente que está ali, se a gente pode fazer mais com menos, porque não fazer? Não é assim na iniciativa privada? Por que não fazer assim na iniciativa pública onde o dinheiro é do povo? Então, essa foi uma das medidas de economia que fizemos, até com a adequação aos quadros, dentre outras coisas, que fez com que a Secretaria de Educação se mostrasse sempre, cada vez mais com condições de construir. Eu gasto menos e invisto mais, são 26 novas unidades, o dinheiro é todo ali dentro aplicado. Então, essa é uma das coisas que a gente tem feito.

PNotícias: secretário, hoje quem ganha melhor, professor municipal ou estadual?
Bruno Barral: quando você soma todo o contexto de gratificações que o professor tem, o município hoje paga em torno de 15% a mais do que o estado. Porque a gente tem a gratificação de regência, o regime de 30% da jornada e esse ano, inclusive, a gente está trabalhando, o prefeito está fazendo contas, junto com a secretaria da Fazenda, Thiago Dantas, tivemos já uma rodada com Paulo Souto conversando, porque a intenção do prefeito, esse ano, é também fazer um aumento para todos os servidores, de uma forma igualitária, e os professores estão inclusos nisso também porque ele entende que a remuneração feita e bem-feita, como a gente vem fazendo, é importantíssimo...

PNotícias: mas está longe do ideal ainda para os professores?
Bruno Barral: olha, professor é a profissão mais louvável que a gente sempre fala assim ‘como é que pode um professor ganhar menos do que um engenheiro, um advogado?’, eu acho que o professor tinha que ser uma remuneração melhor de todas as profissões que tem, porque todo mundo para ser um pouco do que é tem que passar na mão de um professor. Mas, dentro da medida que a gente tem de quadro funcional e o que a gente tem hoje em quantidade de escolas, você tem uma média salarial em torno de R$ 6.600, quando você junta todos os benefícios do professor para trabalhar 40 horas, poderia ser mais? Sim, mas eu acredito que é algo digno, enfim, não é ruim. Você vai, por exemplo em uma capital como Salvador, você tem uma renda média de 6.600, na média dos seus soldos, digo na média, tem professores que ganham menos, é lógico, que estão começando a carreira, tem professores que ganham mais, quando já estão mais no final da carreira, quando tem doutorado, mestrado. E a ideia, na verdade, é a gente cumprir o plano de carreira na medida que a gente vem fazendo. Ou seja, permitir os avanços, permitir as contratações como a gente tem colaborações para poder fazer incentivo ao aprimoramento, dentre outras coisas. Então, é digno, pode ser mais sim, mas o que a gente tem que buscar é melhoria. Não é só isso que faz da vida do professor mais salubre. É uma escola com ar-condicionado decente, segurança, ele poder chegar de forma mais adequada dentro da escola, ter onde estacionar e os alunos ganham com isso. Ganham com aprendizagem, quando eles se alfabetizam na idade certa, diminui a repetência, a distorção reduz... não se melhora a educação da noite pro dia, exige uma constância e um trabalho planejado. Por exemplo, a gente está começando hoje um projeto com Carlinhos Brown, que vai ser até no Parque da Cidade, hoje [10/02] às 14h30, para mais de 2.000 crianças de 4 anos de idade, onde a gente vai falar de pertencimento ambiental, então é um programa onde a gente vai trazer ao lúdico o processo de pertencimento ambiental e cuidado com o meio ambiente. Porque adulto hoje é difícil você reeducar a ter sua cadeia produtiva utilizando meio ambiente, na verdade, sem prejudicá-lo. Quando você internaliza isso na criança, a partir de 4, 5 anos de idade, o menino já cresce no processo de aprendizagem incutido que ele precisa fazer a sua cadeia produtiva financeira mantendo o meio ambiente em boas condições para o futuro.

PNotícias: e serve até de exemplo para os próprios pais e para família...
Bruno Barral: perfeito! É uma educação importantíssima, tanto para a criança, quanto para os pais. Essa semana também, Rafael, vamos lançar o processo de alfabetização digital, que é o ‘Tech For Kids’, que é um projeto piloto para mais de 5.000 crianças, que é um projeto de alfabetização digital para crianças de 6 a 12 anos, onde a gente entra com um treinamento para 40 ou 50 professores, onde vão se espalhar em mais 26 unidades escolares, para que a criança comece a entender a linguagem da programação e como a máquina pensa e como será o futuro porque 70% das crianças que estão estudando hoje vão trabalhar com profissões que ainda não existem. Então, a gente precisa incutir isso nas escolas públicas, já tem nas escolas particulares esse processo, da cultura maker, do erro, erros sucessíveis e programações, porque não incutir na escola pública? O filho do pobre tem esse mesmo direito. Então, a linha hoje que a gente tem é melhorar a alfabetização na idade certa, melhorar o processo de pró-eficiência e aprendizagem em português e matemática, vamos agora, esse ano, triplicar a quantidade de vagas em tempo integral, ou seja, a gente vai partir para crianças que tenham reforço de português e matemática todos os dias, tenham dois dias de educação física, além de almoçar todos os dias na escola, tendo uma refeição ao sair. Então, isso é dignidade. A educação de Salvador tem avançado no acesso, foi a capital que mais ampliou a quantidade de vagas na educação infantil no Brasil nos últimos sete anos, na qualidade, está entre as cinco capitais que tem o melhor índice de desenvolvimento de educação básica, o IDEB, e hoje a gente pode ter a certeza que o menino quer ficar nas nossas escolas porque temos sala de aula com ar-condicionado, biblioteca, dentre outras coisas.

PNotícias: como é que está a frequência? O senhor falou que no ano passado nenhuma escola foi fechada, mas existe algum risco de alguma escola fechar esse ano?
Bruno Barral: olha só, Gomes, nós temos 26 novas unidades. São unidades grandes, algumas delas até com 24 salas, e às vezes ela consegue abarcar uma escola próxima do bairro e, até por preferência dos pais dos alunos, eles vão acabar indo estudar nessa nova unidade. Não é justo a gente manter uma unidade pequena, com três ou quatro salas, quando você tem uma nova unidade dessas, que a gente tá inaugurando uma nova unidade por semana, e vai ser assim até o final de março. São escolas fantásticas em infraestrutura que os pais ficam maravilhados porque cabem mais alunos. Então, se nessa condição, os meninos e os pais se interessarem por matricular os filhos dentro daquela escola, não tem sentido a gente manter uma escola com três salas e só aumentar o custeio. Eu sou contra, repito em relação ao Odorico, é que, quando você olha a foto, realmente, com 3.00 vagas e só tem 100, a escola ‘tá’ vazia. Mas a gente tem que observar o filme, numa gestão que não acompanhou todo o processo. E eu não me refiro ao secretário não, o Jerônimo Rodrigues é um secretário que tem tido bom diálogo com a gente, parece ser um cara muito bem intencionado, um bom gestor, e eu acredito que ele vai ‘tá’ fazendo essas mudanças e espero que em um bom prazo as coisas melhorem.

PNotícias: então, escolas serão fechadas, mas serão substituídas por essas novas unidades.
Bruno Barral: não temos nenhum plano de, agora, nenhuma escola a fechar. O que eu tenho hoje são escolas a abrir, as 26 novas unidades que a gente vai entregar na capital. Até porque, eu ainda tenho muita gente em creche, tem muita vaga de creche que a gente precisa preencher ainda. Eu acredito que pra gente atingir a meta de 2024, que eu pretendo atingir esse ano, eu preciso matricular 6.000 crianças de 2 e 3 anos. Então, depois que eu fizer isso, juntamente com o Pé Na Escola, que é um programa de compra de vagas, por exemplo, Salvador é a única capital no Brasil que tem o processo de voucher hoje, que é a compra de vagas nas escolas particulares, e isso fez com que a gente crescesse absurdamente nossas vagas, hoje temos mais 7.700 vagas em instituições privadas parceiras que a prefeitura paga pela vaga do menino. São iniciativas pra gente ampliar ainda mais o acesso. Pensar em fechar uma escola, talvez lá na frente, quando a gente tiver uma cobertura mais completa.

PNotícias: agora, quando você fala que essas inaugurações vão ocorrer até o finalzinho de março, é por que em abril o senhor sai pra se candidatar? Abra o coração, secretário, estamos entre amigos aqui.
Bruno Barral: não... (risos) Eu vou explicar o porquê de até março.

PNotícias: eu vi que o senhor está ‘se pegando’ aí com Moema [Gramacho], teve uma confusão entre os dois. Acabei de ver uma matéria no site BNews que o senhor fez umas críticas à gestão municipal e que ela deu uma resposta atravessada pro senhor. Disse pro senhor procurar ela daqui a seis meses, que ela recebeu uma verba do FUNDEF [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério] e que vai dar um jeito na educação municipal em Lauro [de Freitas].
Bruno Barral: mas gente... A gente acabou de falar que educação é coisa de longo prazo, ela fala que recebeu cento e pouco milhões da FUNDEF e que é pra procurar ela daqui a seis meses. (risos) Aí eu perguntei, na matéria, se ela realmente vai gastar esse dinheiro todo na campanha por que, é brincadeira, né? A mulher tá lá, é prefeita há 8 anos e agora ela é prefeita a mais 4. Quem anda por Lauro de Freitas, quem tem casa lá, quem vive lá, vê o sofrimento do povo, você passa uma linha clara entre Salvador e Lauro de Freitas.

PNotícias: você vota em Lauro de Freitas? 
Bruno Barral: meu voto é lá em Lauro de Freitas.

PNotícias: vai ser candidato ou não?
Bruno Barral: não, não vou ser candidato em Salvador não.

PNotícias: permanece na secretaria, então.
Bruno Barral: permaneço na secretaria, se a vontade do prefeito for que eu continue na secretaria.

PNotícias: e a sua vontade é de permanecer na secretaria?
Bruno Barral: eu gosto muito do que eu faço Gomes, de verdade. Hoje eu saio muito feliz de casa e chego, por vezes cansado, já pensando no que eu vou fazer no outro dia porque tem muita coisa pra se fazer na educação. A gente começa a ver os resultados surgirem e isso me deixa muito animado. Quero continuar, sim, mas isso depende da vontade do prefeito.

PNotícias: agora, falando sério: como é que o senhor avalia a educação em Lauro?
Bruno Barral: horrível, né?! A Bahia tem 517 municípios e a educação de Lauro de Freitas tá lá em duzentos e setenta e tantos, então assim... Ela [Moema] é uma pessoa que ficou 8 anos no governo, agora por mais 4, e é um governo que nem tem continuidade entre eles, por que teve outro no meio. Mas ela não tem nenhuma preocupação com a gestão, faz uma política eleitoreira onde ela tá sempre ali procurando saber dos votos. Eu acho que Lauro de Freitas, uma cidade pequena em termos de metro quadrado e com boa arrecadação, precisa de uma gestão pra ser um exemplo na Bahia. Hoje você tem um cara que é o Teobaldo [Costa], hoje vou estar no lançamento da campanha dele, acho que é um gestor competente, um cara que já tem uma idade, já tem a vida financeira resolvida e não vai entrar na política pra roubar ou pra fazer qualquer tipo de coisa errada. Então, eu acredito muito que Teobaldo vai fazer uma boa gestão e, se eu puder ajudar daqui com boas ações, um plano de governo legal, pra que ele consiga construir em Lauro de Freitas o que Neto construiu em Salvador. A gente também vai por uma linha de trabalho, esforço, então eu acho que Lauro de Freitas merece um gestor decente e não esse tipo de conversa aí de “ah, me procure daqui a seis meses” porque o povo tá cansado disso, não pode ser assim.

PNotícias: nossa ouvinte Cristina é pedagoga e disse assim: “Eu fiz o REDA em 2018. Gostaria de saber se ainda haverá mais convocações para professores de pedagogia. O secretário de Educação poderia responder?”.
Bruno Barral: sim. Convocamos mais de 1.200 REDAs agora, fizemos o concurso no ano passado e estamos chamando até o final de fevereiro. De fevereiro pra março a gente finaliza a convocação do concurso com as fases finais de psicoteste e outras coisas e, aí, a gente já entra na linha de convocação dos professores do concurso e dos REDAs em paralelo, por que a gente precisa cobrir as turmas no início do ano.

PNotícias: secretário, a gente recebe algumas reclamações com relação às creches. Muita gente que não tem condição de pagar alguém pra olhar a criança, que precisa sair pra trabalhar e não tem onde deixar. De que forma a prefeitura tem tentado resolver esse problema em relação à creche em Salvador?
Bruno Barral: a forma mais rápida de resolver esse problema é construir uma escola, o que demoraria certo tempo. Como a gente entrou com o projeto Pé Na Escola, a gente consegue comprar vagas de creche em instituições privadas que tenham capacidade ociosa. É bom pro ente privado, porque ele perde a capacidade de salas ociosas dele, e é bom pro município, por que ele consegue partir pra uma universalização de crianças de 2 e 3 anos.

PNotícias: mas é algo temporário.
Bruno Barral: isso é algo temporário enquanto a gente continua construindo as escolas, tanto que a gente vai ter 26 novas escolas entregues esse ano.

PNotícias: o senhor sabe qual é o déficit hoje em relação às creches?
Bruno Barral: a obrigação nossa, em 2024, era ter 50% das crianças nas creches, hoje a gente já tem 46%. Tá perto. Esse número, antes do governo de Neto, era 26%, nós crescemos muito do início do governo do prefeito ACM Neto para agora. Pré-escola, que é entre 4 e 5 anos, a gente já universalizou: temos 98.6% das crianças em pré-escola, ou seja, nós somos a terceira capital com maior oferta de vagas no Brasil. Estávamos entre as últimas, era muito ruim... Essa oferta era 78% no início do governo do prefeito ACM Neto. São número reais, estão lá no site do INEP, são dados oficiais. Então, o grande desafio é você conseguir conciliar creche ou a vaga próximo da casa das pessoas, por que uma criança de 2 e 3 anos de idade não tem ainda uma autonomia de ir e vir sozinha, ela precisa ser levada. O segundo processo mais difícil, por incrível que pareça, é a conscientização. Muitos pais ainda entendem que “ah, não, com 3 anos eu não vou botar não por que meu filho é muito pequeno, vou deixa ele aqui com o irmão mais velho” e isso acaba prejudicando o processo educacional. Nossas creches, hoje, trabalham com cinco refeições por dia, são mais de 200 mil refeições servidas todos os dias nas creches da rede municipal.

PNotícias: você fala disso, secretário, com orgulho?
Bruno Barral: claro, por que nós temos uma cidade muito pobre e desigual. Salvador é a quarta maior capital do país em tamanho e é o vigésimo sexto PIB per capita, ou seja, nossas desigualdades estão entranhadas em bairros tão distantes da nossa realidade que passamos, às vezes, pelo Comércio, pelo Centro e não percebemos que isso desemboca na unidade escolar. Daí a importância do nosso diretor, do nosso gestor escolar, do nosso professor, do coordenador pedagógico, que acolhe isso. É o que eu repito: professor, coordenador pedagógico, diretor realmente é uma profissão vocacionada, por que eles se deparam com tantas coisas e dificuldades do dia-a-dia, de infraestrutura, de ter como fazer, ou de pobreza mesmo, e aquilo chega e eu encho meu coração pra fazer. Realmente é o que eu vivo na rede, ano passado eu visitei 400 escolas, mais de uma escola por dia sendo visitada, no total de 434. Esse ano eu vou em todas novamente, independentemente de ser ano de eleição ou não, eu vou visitar as escolas, que é ali que eu conheço os problemas do diretor, é ali que eu conheço os problemas da comunidade, por que tá quente, por que não tá, se tá faltando merenda, por que não tá ‘casada’ a merenda, o que tá acontecendo naquela situação, se precisa cobrir uma quadra, se precisa colocar um alambrado, se precisa mandar ventilador. É muito importante a visita do secretário na escola e eu sinto que não tem como fazer gestão sem conhecer o chão da escola, essa é uma das minhas principais premissas.

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