Ocupação é pacífica e teve início por volta das 15h
O Colégio Estadual Odorico Tavares, no Corredor da Vitória, em Salvador, foi ocupado por cerca de 50 estudantes e funcionários, nesta terça-feira (21), como protesto contra o fechamento da instituição de ensino. O ato conta com a participação dos movimentos estudantis Ages, Uees e Ubes.
De acordo com informações da União Estadual dos Estudantes (Uees), a ocupação é pacífica e teve início por volta das 15h. Os alunos reivindicam que o colégio público seja mantido em atividade.
Segundo o ATarde, eles também denunciam uma suposta "estratégia de sucateamento" da unidade de ensino, que nos últimos anos teve o número de vagas diminuídas. Os manifestantes solicitaram em carta aberta "que se inicie imediatamente uma mesa de negociação com responsáveis da Secretária de Educação do Estado da Bahia (SEC), para debatermos os fechamentos dos colégios, bem como a situação de toda rede estadual de ensino, que se encontra em sua maioria sucateada, abandonada e sem estrutura básica de funcionamento".
A vice-presidente nacional União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Débora Nepomuceno afirmou que não irão desocupar a escola até receberem um parecer favorável. "A Secretaria de Educação estabeleceu uma condição de que nós desocupássemos a escola para dialogarmos. Mas já estamos cansados de esperar, nós queremos uma resposta que seja realmente pro benefício do povo baiano e da forma que eles querem fazer não vai rolar. Estamos ocupando a escola por tempo indeterminado, até o momento que a gente receber um parecer favorável ao povo baiano", disse Débora.
Por meio de nota, a Polícia Militar (PM-BA) informou que agentes da Operação Ronda Escolar e da 11ª CIPM realizavam o policiamento fora do Colégio Estadual Odorico Tavares, enquanto alunos faziam manifestação dentro da unidade de ensino. Segundo a PM, as guarnições continuam em frente à escola acompanhando a manifestação.
"No começo, por não entenderem o que estava ocorrendo, eles agiram de maneira um pouco truculenta, mas até então, quando especificamos que era uma movimentação pacífica, em defesa da ocupação pública, eles passaram a agir de uma forma mais tranquila", relatou Débora.
A polícia interveio e cercou o colégio, não permitindo que ninguém entrasse ou saísse do espaço, no início da noite desta terça. Uma fita de isolamento foi colocada na entrada do colégio e diversos policiais ficaram em frente a instituição, impedindo a passagem. Os PMs não quiseram dar entrevista e não permitiram os alunos falar com a imprensa. Manifestante contrários a ocupação também estavam no local e discutiam com os alunos.
A Secretaria de Educação informou que os "técnicos da Secretaria estão em diálogo com representantes do Movimento Estudantil que ocupam o prédio escolar" e que "a matrícula dos 176 estudantes será feita em unidades próximas da região, como o Colégio Estadual Manoel Novaes (Canela), que fica a cerca de 1 km do Odorico; o Colégio Estadual Mário Augusto Teixeira de Freitas (Nazaré); e o Colégio Estadual da Bahia – Central (Nazaré), que possuem estrutura para recepcionar os novos alunos".
Fechamento do colégio
O fechamento da unidade de ensino foi anunciado no dia 26 de dezembro pelo governador da Bahia, Rui Costa, em entrevista à TV Record. Na ocasião, Rui informou que a intenção é manter os alunos nas proximidades de casa para evitar gastos com passagens de ônibus e metrô.
"Hoje temos 30 mil alunos em Salvador, estudando em prédios alugados, sem a mínima condição de uma educação eficiente. E o que nós temos no Odorico não chega a 300 alunos matriculados. Duzentos e poucos. Quase a totalidade deles morando na periferia. O pai e a mãe gastando passagem de ônibus ou de metrô. E 30 mil sem escola suficiente. Então, o que nós estamos fazendo? Construindo novas escolas", disse o governador.