Procurada pela reportagem, a proprietária da Clínica Nutriderm não quis se manifestar sobre o caso: “Não vou falar nada”, declarou
Funcionários da Clínica Nutriderm, em Salvador, procuraram o PNotícias para denunciar a falta de pagamento dos direitos trabalhistas após demissão em massa realizada pela proprietária do estabelecimento. De acordo com os colaboradores, Lidiane Angelim, fisioterapeuta e dona do Centro de Estética e Saúde Integrativa, teria se recusado a efetuar o pagamento das rescisões, além de não formalizar o processo de desligamento de toda a equipe. “A dona da clínica falou que não tem dinheiro para pagar as rescisões e que era pra gente procurar a Justiça”, conta uma das funcionárias.
A clínica de luxo localizada no Shopping Cidade, no bairro do Itaigara, teve seu funcionamento suspenso em razão do decreto municipal que determina o fechamento de shoppings e centros comerciais como forma de evitar grandes aglomerações de pessoas, a fim de conter a propagação do novo coronavírus (Covid-19).
De acordo uma das denunciantes, no último dia 21 de março a equipe foi chamada pela proprietária do estabelecimento que comunicou a demissão de todos os funcionários: “A dona da clínica convocou a todos os funcionários, no final da manhã e comunicou que, em razão do fechamento dos shoppings e por não ter dinheiro em caixa, estávamos todos demitido”, afirmou.
Após serem comunicados da demissão, os trabalhadores afirmam que até o momento não teriam recebido o pagamento da rescisão. De acordo com o artigo 477 § 6 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o prazo para pagamento das verbas rescisórias do empregado deve ser efetuado no primeiro dia útil após o término do aviso prévio trabalhado e até 10 dias (corridos) no caso de um aviso prévio indenizado.
Além de se recusar a efetuar o pagamento dos direitos trabalhistas dos colaboradores, a proprietária da clínica teria ainda sugerido que estes devolvessem à empresa o percentual de 40% do valor da multa correspondente ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), conforme conta uma das funcionárias.
“A princípio a dona da Clínica, Lidiane Angelim, informou que a contabilidade entraria em contato com cada uma de nós, no decorrer da semana para resolver a situação. Contudo, pontuou de imediato que íamos ter que devolver para empresa o valor da multa de 40% do FGTS para que assim pudessem pagar a rescisão de todas nós”, relatou.
Ainda segundo as denunciantes, que preferem não se identificar, após o comunicado da demissão, uma foto da equipe chegou a ser publicada em uma das redes sociais da clínica, dando a entender que o motivo da ausência da equipe seria o período de quarentena pelo coronavírus.
“O que me deixa mais chateada é ver dona da clínica fazendo postagens no Instagram da Nutriderm e no seu pessoal deixando entender que a está tudo bem e que clínica continua funcionado, mas que os funcionários estão de quarentena, o que não é verdade, pois fomos todas demitidas. Inclusive, no dia após a demissão ela postou no Instagram da clínica uma foto com toda a equipe deixando a entender que estava tudo normal”, conta uma das funcionárias.
“Estaremos em casa por 15 dias, confiantes de que isso passará o mais rápido possível! A instrução agora é: fique em casa, breve estaremos juntos novamente”, diz a legenda da publicação. Confira:
Até o momento também não teria sido formalizado o aviso de desligamento comunicado pela proprietária, que também não teria dado baixa nas carteiras de trabalho, segundo o relato de uma colaboradora: “O prazo para pagamento das rescisões acabou em 1 de abril e até hoje não recebemos nenhum real. No final desta semana a clínica informou que não tem dinheiro para pagar as rescisões e que, por isso, deveríamos todas procurar a justiça para receber o nosso dinheiro/direitos. A clínica até o momento não nos forneceu o aviso formal de desligamento, nem deu baixa nas nossas carteiras, de modo que estamos impossibilitadas de pleitear nossos direitos na justiça”.
Uma das denunciantes se diz revoltada com o comportamento da proprietária, que não teria efetuado nem mesmo o pagamento do salário correspondente aos dias trabalhados do mês de março.
“Para piorar a dona da clínica tem feito postagens em sua rede social indo para o salão, fazendo unha, cabelo... me deixando ainda mais revoltada, porque nem recebemos o salário do mês de março, referente aos dias trabalhados. Enquanto ela está no salão, as minhas contas estão chegando, meu mercado está acabando e eu não sei mais o que fazer”, contou em revolta.
“Se para pagar os funcionários já está sendo esse problema, imaginem os clientes e pacientes que já pagaram os tratamentos e não estão realizando as sessões. Me ajude, nos ajude!”, pediu.
Procurada pela reportagem, Lidiane Angelim, proprietária da Clínica Nutriderm, preferiu não se manifestar sobre o caso, se recusou a responder aos questionamentos e disse que entrará em contato com seus advogados: “Eu não vou falar nada, não vou confirmar nada”, concluiu.