Manifestação está marcada para acontecer na manhã desta segunda-feira (23) na Estrada do Coco
Em meio ao surto mundial de coronavírus (Covid-19) e aos 49 casos já confirmados na Bahia, medidas vêm sendo adotadas por diversos municípios em todo o estado. Em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), onde já foram confirmados três casos da doença, a prefeitura publicou no último dia 19 um decreto que determina o fechamento de shoppings centers, centros comerciais, call centers e estabelecimentos correlatos. No dia seguinte, um novo decreto foi publicado, desta vez apontando medidas de prevenção que deveriam ser seguidas pelas empresas do ramo. Funcionários da Tel Telematica, localizada na Estrada do Coco, entraram em contato com o PNotícias para denunciar a empresa que estaria descumprindo a ordem de garantir a integridade dos colaboradores: “Malmente tem sabão pra lavar as mãos, falta álcool em gel, precisamos de ajuda”, relata um dos funcionários. Uma manifestação contra o funcionamento da Tel Telematica será realizada na manhã desta segunda-feira (23), afirma um colaborador.
Outra denúncia feita pelos funcionários aponta que a prefeitura teria cedido à pressão dos empresários ao voltar atrás do decreto divulgado na última quinta-feira (19) no qual determinava a suspensão das atividades realizadas pelas empresas de call center. Nesta sexta-feira (20), o novo decreto assinado pela prefeita Moema Gramacho prevê a adoção de medidas preventivas contra o Covid-19 que não estariam sendo cumpridas pela Tel Telematica.
“Art. 6o - A – Recomenda-se a Call Centers, Fa?bricas, Lojas, Supermercados, Bares, Barracas, Lanchonetes e demais empresas instaladas no Território de Lauro de Freitas, as seguintes providências, com vistas a prevenir a contaminaçãoo pelo novo Coronavirus:
I – a liberação para a execuçãoo das atividades em regime de trabalho à distância, ou na sua impossibilidade, o abono das ausências dos (as) funcionários (as) que se enquadrem nas seguintes condições:
a - funcionários (as) com idade superior a 60 (sessenta) anos;
b - funcionários (as) com histórico de doenças respiratórias e doenças crônicas;
c - funcionários (as) que utilizam medicamentos imunossupressores;
d - funcionárias grávidas; e
II - garantir, na disposiçãoo espacial dos funcionários no ambiente de trabalho, distância mínima de um metro e/ou a existência de anteparo físico, acima da altura da cabeça do (a) funcionário na posição de trabalho;
II – garantia de uso individualizado de equipamentos/acessórios que tenham contato físico com o corpo dos (as) funcionários (as), tais como Fones de ouvido, com microfone, não permitindo o compartilhamento dos mesmos entre os (as) mesmos (as);
III – dispensa de estagiários e estagiárias do ambiente de trabalho, enquanto durar a situação de emergência de sau?de de importância internacional;
IV – garantir meios de promoção de limpeza e higiene pessoal, nos moldes do preconizado pela OMS e pelos Órgãos de Vigilância epidemiológica, com vistas à prevenção ao COVID – 19”, determina o decreto.
Ainda de acordo os colaboradores, que optaram por não se identificar, cerca de 2.000 pessoas continuam trabalhando mesmo após a confirmação dos casos e a determinação das medidas para evitar a propagação do vírus. Um colaborador chegou a relatar o descaso da prefeita Moema Gramacho, que até o momento não teria se posicionado publicamente sobre o assunto.
Os funcionários prometem realizar uma manifestação às 8h da manhã desta segunda-feira (23), na Estrada do Coco, contra o funcionamento da empresa que, segundo eles, vem mantendo os colaboradores em função das suas atividades mesmo apresentando os sintomas do coronavírus: “Foi permitido que operadores fossem trabalhar doentes, gripados, espirrando e tossindo”, relata um deles.
“Disponibilizaram um álcool em gel para um salão que comporta 300 pessoas e os próprios colaboradores que ficam responsáveis pela limpeza de suas máquinas”, continuou.
A categoria questiona ainda a decisão da prefeitura que supostamente teria voltado atrás da decisão após um acordo: “Do que adianta fechar escolas se os pais, irmãos, tios ou tias dessas crianças continuam a trabalhar em um lugar aglomerado? O que é mais importante? O dinheiro ou a saúde?”, pontuou um funcionário.
A fim de apurar o ocorrido, a reportagem tentou contato com a Assessoria de Comunicação (Ascom) da Prefeitura de Lauro de Freitas por diversas vezes, através de ligação e mensagens de WhatsApp, mas não obteve nenhuma resposta.