Ex-ministro da Saúde comentou também sobre o lançamento do seu livro "Um paciente chamado Brasil"
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que acredita que a "pior projeção" da pandemia do novo coronavírus está prestes a se concretizar e o Brasil atingirá a marca de 180 mil mortos em decorrência da Covid-19. Em entrevista ao jornal O Globo, Mandetta comentou sobre a situação do país que já conta com 139 mil vítimas da doença.
"Estamos enfrentando a pandemia sem liderança. Não tem uma voz que dê os critérios técnicos. Como não temos guidelines, há personagens: um manda abrir, outro manda fechar...", disse.
Durante a entrevista, Mandetta criticou a retomada das atividades, afirmando que as decisões têm atrapalhado o combate ao surto que já dura cerca deseis meses. "Aglomerou? Duas semanas depois você tem aumento de casos. Foi assim no feriadão de São Paulo duas semanas atrás. São Paulo já aumentou o número de casos. Todo mundo desceu para a praia, (houve um) aumento de 40% no fluxo de pessoas para o litoral. Aglomerou? Colhe o preço", se posicionou.
O ex-ministro falou também sobre o lançamento do seu livro "Um paciente chamado Brasil", que revela os bastidores da pasta da Saúde no combate à pandemia e contou sobre um episódio que faria parte do processo de "fritura" sofrido pelo médico pelo presidente Jair Bolsonaro.
"Eu estava com minha esposa no apartamento domingo e tinha saído para uma caminhada ali do lado, comprar chá e pão doce na padaria, a duas quadras de onde eu morava. Depois, na quinta-feira, achei estranho quando o presidente veio me dizer 'hoje eu vou comer sonho na padaria'. E ele foi lá naquela padaria, que é diametralmente longe do Palácio do Planalto, comeu no balcão, criou aglomeração. Eu pensei, será que que ele veio até aqui para depois eu reclamar em público que ele aglomerou gente mais uma vez? Aí ele poderia dizer 'mas você também veio aqui, conforme esta foto'. Eu me questionei: será que eles estão me monitorando, sabendo onde vou, onde deixo de ir?", contou.