Adriano Oliveira acredita que determinação da prefeitura está correta
Para falar sobre o cenário de pandemia do novo coronavírus no Brasil e sobre as medidas adotadas pelo governo do Estado e prefeitura de Salvador, o médico infectologista Adriano Oliveira foi o entrevistado desta terça-feira (11), no programa PNotícias, da Piatã FM. Adriano, de maneira assertiva, deu sua opinião em relação a alguns assuntos, como por exemplo, o uso de termômetros em estabelecimentos, que tem sido bastante discutido entre os profissionais de saúde, gestores governamentais e empresários.
Após a prefeitura obrigar todos os estabelecimentos a medirem a temperatura, tanto dos funcionários, como dos clientes, algumas opiniões contrárias começaram a surgir. Sendo um aparelho com custo, relativamente, alto, alguns profissionais de saúde estão sendo contra a obrigatoriedade do uso do equipamento por considerar desnecessário. Porém, o infectologista Adriano Oliveira não concordou com essa opinião. Para ele, o uso dos termômetros se faz necessário e garante um ambiente mais seguro para a população. Além disso, ele pontuou que o equipamento não é “inútil”, como acham.
Ele disse: “Eu não acho que o termômetro seja dispensável, por menos útil que ele possa parecer. Isso precisa ficar claro. Porque, se a grande maioria das pessoas que adquirem o vírus é assintomática, por outro lado, os sintomáticos têm na febre um dos principais sintomas, ok?! Então, se você puder, pelo menos, detectar os sintomáticos, que, diga-se de passagem, são os que mais transmitem o vírus, melhor. Porque não fazer? Deve ser feito sim, acho que não tem nenhum erro nisso. Todos os hospitais estão fazendo isso, todas as instituições estão fazendo isso e não estão fazendo nada de errado, nada de inútil”. E continuou: “Algumas pessoas têm aumento de temperatura e não percebem. Na medida em que você tem alguém que aumentou a temperatura e você alerta aquela pessoa, pelo menos você criou ali uma situação em que a pessoa já sabe que existe uma suspeita”.
Mesmo defendendo o uso do equipamento, Adriando diz saber que a maioria das pessoas são assintomáticas. “‘Ah, mas a maioria não tem, sequer, sintomas, dentre eles, febre’; é verdade. Estima-se que mais de 50% das pessoas com o vírus corona não tem sintoma nenhum. Eu tenho um colega que é urologista e hoje faz parte do protocolo de qualquer cirurgia você antes pedir o PCR, que é o exame que detecta o vírus – lembre que o PCR tem até 30% de falha de detecção dos vírus, ou seja, das pessoas que tem o vírus, 30% não serão detectados por ele, são falso-negativos –. Mesmo assim [com porcentagem de falha de diagnóstico], antes de fazer a cirurgia é solicitado isso em pessoas que não têm sintomas nenhum. Esse meu colega disse que, mais ou menos, 20% das pessoas que fazem exame dão positivo e são assintomáticos pro vírus – eles estão fazendo cirurgia por outro motivo, como por exemplo, retirada de próstata, cirurgia na bexiga, por conta de alguma alteração; não estão com sintomas por causa do vírus – e você, quando faz o exame, encontra 20% da população assintomática e com a presença do vírus, isso naquele momento, naquele porte epidemiológico. Então a gente sabe que a grande maioria das pessoas que tem o vírus não tem sintomas e podem transmitir, apesar de transmitir menos do que os sintomáticos”, falou.