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NÃO

01 de Novembro de 2023 às 07h10 - Por: Padre Alfredo Dorea * Foto: Divulgação
[NÃO]

Artigo do Padre Alfredo Dorea vai ao ar toda quarta-feira no Portal PNotícias

“Moço educado, não diz palavrão,
não compra fiado,
não cospe no chão”.

O cartaz ainda hoje comparece em muitas vendas e biroscas nos pequenos povoados das nossas regiões.

O discurso proibitivo não se ressente em admoestar com repetidos NÃO os clientes e eventuais frequentadores do lugar público. 

Mas os NÃO tupiniquins atravessam estradas e fronteiras físicas e sociais e povoam espaços como lojas, banheiros, feiras e logradouros diversos:
• Não jogue papel no vaso;
• Não toque nos objetos;
• Não jogue lixo aqui;
• Não dê comida aos animais;
• Não buzine;
• Não entre sem camisa;

Em mesmo diapasão e frequência acontecem as imperativas proibições:
• Proibido som automotivo;
• Proibida a entrada de animais;
• Proibido urinar neste local;
• Proibido filmar e fotografar;
• Proibido falar com o motorista;
• Proibido pular a catraca;
• Proibido fumar;

O poeta já advertiu que overdose de não faz mal até às crianças:
“De tanto não que eu escuto: não e não; o não eu vivo a dizer, que confusão”.

Mas quem se recusou a escutar os férvidos apelos do “é proibido proibir”, avança incólume em sua sanha, tal qual a “Dama do Cassino”, a entidade das negativas:
“essa deusa só diz nãos e nuncas e necas e nadas”.

Apesar de estarmos dotados de um vocabulário extremamente rico, para algumas pessoas parece que as capacidades lexicais se reduzem a apenas uma sílaba: NÃO!

E a negação – em particular o infame “não” – tem sido considerada, há muito tempo, uma palavra a evitar nas comunicações, ou pelo menos a ser usada com moderação e forte suspeita.

Segundo estudiosos, a razão seria a inutilidade das negações em muitas frases e contextos (o cérebro humano não as perceberia) ou no risco de obter um efeito até mesmo oposto ao desejado.

Sublinha-se que a negação é ainda mais prejudicial ou inútil, quando combinada com o advérbio: “nunca”.

Evitar as negativas para comunicar de forma mais eficaz e transformá-las em frases afirmativas é uma forma de incutir uma sensação de tranquilidade e segurança nas pessoas a quem se dirige, obtendo assim os resultados definidos como objetivos.

Também este autor por vezes justifica o seu não: - porque não!

* Padre Alfredo Dorea (@padre.alfredo) é um anglicano amante da vida, da solidariedade e da justiça social. Com os movimentos populares, busca superar todo preconceito e discriminação. Gosta de escrever e se comunicar.

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