O único que pode realmente garantir a segurança dos cidadãos é o Estado
Liberação de armas de fogo para a população, é uma ideia catastrófica! Favorecer o uso de armas não é apenas inútil, mas também perigoso. O único que pode realmente garantir a segurança dos cidadãos é o Estado.
O fato deste tema ser uma das bandeiras de certa corrente ideológica no Brasil de hoje, traz a questão para o debate, mormente neste momento de campanha eleitoral.
Há entre nós um segmento político que defende e estimula a liberação das armas de fogo. Há até grupos religiosos que fazem eco a esta proposta. Em recente “Marcha para Jesus”, em Vitória do Espírito Santo, um veículo Camaro passeou rebocando uma réplica gigante de um revólver. Um militar aposentado foi o autor da obra, que empenhou três meses na sua confecção.
Em março deste ano, as armas de fogo do delegado Tito Barichello foram ungidas na Igreja Agnus, em Curitiba. O pastor Renê Arian fez uma oração: “Senhor Deus, em nome de Jesus, ungimos essas armas para a segurança da população de nossa cidade”.
Os Estados Unidos, onde o porte de arma pelo cidadão comum é um direito garantido constitucionalmente, é principal fonte de estudos científicos sobre o tema. Ali a morte violenta é um gravíssimo problema.
Os números divulgados pelo "The American Journal of Medicine", são impiedosos: nos Estados Unidos, o risco de ser morto por arma de fogo é 25 vezes maior do que a média dos países de maior renda da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
A enorme disseminação de armas de fogo também significa que os norte-americanos são oito vezes mais propensos a tirar a própria vida com uma pistola do que países semelhantes e seis vezes mais propensos a serem vítimas de um tiro acidental.
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em julho de 2021, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) atestam que o Brasil praticamente dobrou, em um ano, o número de armas registradas em posse de cidadãos, ao mesmo tempo, em que as mortes violentas cresceram, a despeito do maior isolamento social durante a pandemia. Especialistas alertam para um aumento “descontrolado” de armas e munição em circulação, incluindo as de alta poder destrutivo, como fuzis, e reiteram que as violentas consequências também passam por desvio de armas regulares para o crime.
O homem Jesus pregou o “amai-vos uns aos outros”. Jamais o “armai-vos”.
Padre Alfredo Dorea (@padre.alfredo) é um anglicano amante da vida, da solidariedade e da justiça social. Com os movimentos populares, busca superar todo preconceito e discriminação. Gosta de escrever e se comunicar.
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