Segundo IBGE, pelo menos 1,8% da população brasileira adulta se declara bissexual ou homossexual
Pelo menos 1,8% da população brasileira adulta se declara bissexual ou homossexual. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através do primeiro levantamento com dados sobre orientação sexual no Brasil, divulgado nesta quarta-feira (25).
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De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), a informação é interessante para o desenvolvimento de políticas sensíveis e aquém do quantitativo real. "Esses primeiros dados são fruto de uma cobrança do movimento LGBT para que o IBGE faça inclusão dessa informação sobre orientação sexual no Censo. É uma luta antiga. Infelizmente, o material apresentado não representa uma fotografia real do tecido da população LGBT brasileira", afirma Marcelo Cerqueira, presidente do GGB.
Apesar de ser publicado pelo IBGE nesta quarta, o levantamento considera as informações integradas na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada em 2019. Na época, 108 mil residências foram visitadas e questionários individuais foram aplicados.
A entidade presidida por Marcelo é atuante na elaboração de dados sobre a população LGBTQIA+ no país, mas fundamental para compreender o contexto demográfico analisado pelo órgão federal. Sede do GGB, Salvador é, ao lado de Fortaleza (CE), a capital em que, proporcionalmente, menos pessoas se definiram como homossexuais ou bissexuais.
Aproximadamente 35 mil soteropolitanos se identificaram oficialmente dentro do L, G ou B da sigla, de um total de 2,287 milhões de habitantes adultos. A Bahia, assim como o Brasil, tem 1,8% da população que se declara homo ou bi. No estado são 204 mil pessoas e no país 2,920 milhões.
Na opinião do presidente, o resultado divulgado e a quantidade são reflexos de uma estrutura complexa. "O Brasil ainda é um país muito LGBTfóbico, preconceituoso. Esses dados, 2% não representam a diversidade da população brasileira. Acreditamos que existe muito mais", indicou Marcelo.
De acordo com ele, um antecedente razoável para o conjunto é os Estados Unidos, onde, em 1948, o sexólogo Alfred Kinsey publicou o relatório que recebe seu nome. Segundo a pesquisa, naquela época, ao menos 10% dos americanos se identificavam como LGBTQIA+.
No seu entendimento, as políticas públicas que foram estabelecidas não voltam atrás, mas podem afetar na criação de outras. "Ele [o poder público] pode achar que 2% não representa um quantitativo importante para fazer algum tipo de política pública. Os dados servem para se criar políticas públicas. De habitação, de direitos humanos, de educação, de tudo isso", explicou.
Na Bahia, cerca de 418 mil pessoas (3,8%) disseram não saber ou não quiseram responder os questionamentos sobre sexualidade. Já em Salvador, 1,9% dos adultos (por volta de 43 mil pessoas) optaram por não falar sobre o assunto durante a aferição do IBGE.
No ano em que o questionário foi aplicado, 94,4% da população adulta baiana, 96,6% em Salvador e 94,8% no Brasil se autoidentificavam como heterossexuais. As informações do instituto também revelam detalhes econômicos e educacionais de pessoas que se autoafirmam como gays, lésbicas ou bissexuais. A maioria dos que se declaram assim tê uma renda maior - 3,5% recebiam entre 3 e 5 salários mínimos - e um grau de instrução superior, considerando que 3,2% tiveram acesso ao nível de graduação.
A maioria dos que escolheram por dizer que faziam parte desta parcela da população era de pessoas com idade entre 18 e 29 anos (4,8%). Homens e mulheres declaram de forma semelhante (1,9% e 1,8%, respectivamente). Assim como não há uma diferença considerável entre pessoas pardas (1,9%), pretas (1,9%) e brancas (1,8%).
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