Artigo do Padre Alfredo Dorea vai ao ar toda quarta-feira no Portal PNotícias
Desde que me entendo por gente, escuto, curto e sigo tudo o que Chico Buarque de Holanda cria e produz.
Não foi diferente com a genial “Que tal um samba?”, lançada em 17 de junho deste ano, após 5 longos anos nos quais o grande Chico, talvez mais dedicado à literatura, lançou o romance “Essa Gente” e o livro de contos “Anos de Chumbo”.
Qual uma prescrição, o novo samba de Chico Buarque tem gosto de remédio eficaz para curar o “estrago” do Brasil de 2022, para “juntar os cacos”, “ir à luta” e “zerar o jogo”.
Marcadamente político e sabiamente histórico, “Que tal um samba?” tem tudo para se eternizar. É um hino de críticas e esperança; traz para o centro muitas práticas da nossa tradição afrodescendente: “banho de sal grosso”, “batuque lá no Cais do Valongo”, “dançar o Jongo lá na Pedra do Sal”, “roda da Gamboa”. Revisita “Beleza Pura” de Caetano Veloso, para expressar um antirracismo tão urgente quanto necessário: “Fazer um filho, que tal?”: “Um filho com a pele escura/Com formosura/Bem brasileiro, que tal? /Não com dinheiro/Mas a cultura/Que tal uma beleza pura”.
Vamos nessa Chico querido: “Depois de tanta mutreta Depois de tanta cascata
Depois de tanta derrota Depois de tanta demência”.
O ódio, a violência, a desumanidade não passarão!
É tempo de “Juntar os cacos, ir à luta” ‘Esconjurar a ignorância’’ “Desmantelar a força bruta”.
Gratidão Chico Buarque de Holanda, por “alegrar o dia”, na real possibilidade de “zerar o jogo” – “Um desafogo”!
Padre Alfredo Dorea (@padre.alfredo) é um anglicano amante da vida, da solidariedade e da justiça social. Com os movimentos populares, busca superar todo preconceito e discriminação. Gosta de escrever e se comunicar.
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